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porto velho, terça-feira 26 de novembro de 2024
O Brasil enfrenta, desde 2021, um dos piores quadros inflacionários da economia nas últimas décadas, com a inflação passando dos dois dígitos e se mantendo em níveis elevados em 2022. Mas o país não é o único que tem batalhado contra o fantasma da inflação, em um fenômeno com raízes e difusão globais.
A perspectiva, porém, é que inflação alta ao redor do mundo comece a dar trégua ainda neste ano, se estendo com grau menor para 2023, conforme os países elevam suas taxas de juros, principal instrumento para combatê-la.
O Brasil, por exemplo, atingiu em maio uma inflação de 12,13%, mas o mercado enxerga o valor como um pico, que tende a cair, já que a taxa básica de juros, a taxa Selic, passou por um forte ciclo de alta em menos de dois anos e foi de 2% a 12,75% ao ano.
Economias mais desenvolvidas, caso dos Estados Unidos, Reino Unido e Canadá começaram o processo de alta de juros mais tarde, mas também enfrentam níveis recordes de inflação. Outros países, como Argentina, Turquia e Rússia, têm seus quadros inflacionários piorados por questões internas.
O grande fator que liga as pressões inflacionárias pelo mundo é a pandemia de Covid-19. A obrigatoriedade de realização de lockdowns para evitar a disseminação da doença desorganizou as cadeias de produção, fornecimento e transporte, reduzindo a oferta de uma série de produtos.
Conforme as economias foram reabrindo, em especial com o avanço da vacinação, a demanda retomou com intensidade, mas os gargalos não foram resolvidos na mesma velocidade, e o descompasso levou a pressões inflacionárias pelo lado da oferta.
Nos setores de automóveis e de eletrônicos, por exemplo, a falta de chips obrigou a redução na entrega de carros, eletrodomésticos e eletroeletrônicos. Como a demanda por esses produtos cresceu, os preços dispararam.
Já no caso do transporte marítimo, os fretes foram encarecidos por uma combinação de combustíveis mais caros, falta de contêineres para atender à demanda e muitos navios parados com a tripulação infectada ou em quarentena, gerando um efeito em cadeia nos preços de diversos produtos.
Outro setor bastante impactado pela crise foi o de energia, com destaque para o petróleo. A produção da commodity foi abalada pela pandemia, e os principais fornecedores, reunidos na Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) limitaram a oferta para evitar quedas nos preços pela demanda baixa. Quando a demanda retomou, a organização não elevou a oferta, gerando a alta nos preços.