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porto velho, quinta-feira 13 de fevereiro de 2025
A modelo Yasmin Brunet, que recentemente passou por um processo de emagrecimento, contou em entrevista ao Jornal O Globo como enfrentou a dificuldade de diagnóstico do lipedema, condição que causa o acúmulo de gordura nas pernas e outras áreas do corpo. Ao longo de sua trajetória, Yasmin passou por consultas com angiologistas e especialistas vasculares, mas recebeu diagnósticos incorretos, sendo inicialmente tratada para edema linfático.
Brunet revelou que durante sua participação no Big Brother Brasil 24 enfrentou sintomas intensos, incluindo inchaço extremo e dores, acreditando que os problemas eram relacionados à circulação sanguínea. "Eu estava superinflamada, nunca estive tão inflamada na minha vida. A sensação era como tocar em uma ferida aberta", afirmou, explicando que, além das dificuldades físicas, o diagnóstico errado contribuiu para um tratamento ineficaz.
O lipedema, que afeta aproximadamente 12,3% das mulheres no Brasil, é uma doença crônica frequentemente mal compreendida. Segundo especialistas, a falta de informação e a confusão com outras condições, como obesidade ou celulite, são comuns. Aline Lamaita, cirurgiã vascular, alerta que a doença é difícil de diagnosticar corretamente, muitas vezes sendo tratada como sobrepeso, o que prejudica a eficácia do tratamento e pode levar à progressão dos sintomas.
“Muitas vezes, acredita que esse é o padrão de corpo familiar, já que o lipedema realmente pode afetar várias mulheres da família, então não pensa que pode ser um problema. A crença de que se trata de um quadro de celulite, obesidade ou então retenção de líquido é outro motivo que leva pacientes a demorarem para buscar auxílio médico. Além de favorecer o agravamento do quadro, o que pode levar a dificuldades de locomoção, linfedema, disfunções circulatórias e até problemas ortopédicos, um diagnóstico inadequado pode causar muita frustração à paciente, visto que, além de ser crônico, o lipedema tem como característica o acúmulo de uma gordura doente que, geralmente, não responde às mudanças de hábitos, como dietas e prática de atividades físicas, comumente adotadas em casos de obesidade", ela disse ao IG Delas .
Heloise Manfrim, cirurgiã plástica e especialista em lipedema, explica que a condição é muitas vezes caracterizada por aumento simétrico das pernas, dificuldades em perder peso e dores constantes ao toque. Ela destacou que o tratamento é multidisciplinar, envolvendo médicos de diversas áreas como endocrinologia, nutrição e cirurgia vascular. Embora ainda não haja cura, tratamentos como a lipoaspiração têm mostrado bons resultados em casos mais graves, aliviando os sintomas e melhorando a qualidade de vida das pacientes.
“Hoje já existem algumas diretrizes que ajudam os médicos no diagnóstico, mas, por ser uma doença de tratamento multidisciplinar, é necessário que o médico se dedique a estudar o problema e entenda as várias áreas de conhecimento necessárias para direcionar as pacientes de maneira adequada. A cirurgia só é indicada quando a paciente já fez o tratamento clínico por mais de seis meses e não apresentou melhora ou quando a paciente tem uma queixa estética muito mais importante do que a queixa funcional. Nesses casos, a cirurgia é indicada, sendo que o cirurgião plástico é o especialista mais habilitado para a realização do procedimento”, acrescenta a médica.