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porto velho, sábado 7 de junho de 2025
O humorista Leo Lins se pronunciou pela primeira vez após ser condenado a oito anos de prisão por piadas consideradas criminosas durante um show de stand-up realizado em 2022. A declaração foi feita durante uma transmissão ao vivo no YouTube, que reuniu mais de 25 mil espectadores.
Durante a live, Lins argumentou que suas falas no palco são feitas por meio de uma “persona cômica”, e que o conteúdo apresentado não deve ser interpretado de forma literal. “Uma análise literal do texto não se aplica ao cômico”, afirmou. Ele reforçou que há distinção entre o personagem humorístico e sua identidade civil, Leonardo de Lima Borges Lins.
O comediante também criticou trechos da sentença, especialmente a interpretação da juíza sobre a responsabilidade do conteúdo transmitido. “Eu te mostro a cabeça de um jacaré, o corpo de um jacaré e o rabo de um jacaré. Te pergunto que animal é esse e você responde que é um camelo. Aí não adianta mais argumentar”, comentou, sugerindo que a decisão judicial ignorou evidências do caráter artístico da apresentação.
Outro ponto abordado foi a veiculação do espetáculo no YouTube, o que, segundo ele, foi usado como argumento para ampliar a responsabilização. “A partir de agora, se eu assistir a um filme de romance, posso processar os atores por atentado ao pudor porque a cena passou na minha casa?”, ironizou. Para Lins, a decisão representa uma limitação na liberdade de expressão artística.
Ele também se defendeu das acusações de que suas piadas poderiam incitar crimes. “Se alguém cometer um crime, essa pessoa deve responder por isso. Não posso ser responsabilizado por algo que outra pessoa faz após assistir a um show de humor”, disse.
O humorista encerrou sua fala fazendo um apelo à classe artística e ao público em geral, pedindo reflexão sobre os limites entre comédia e responsabilização judicial. Segundo ele, a sentença representa um precedente preocupante para artistas que trabalham com humor provocativo.