O Festival de Parintins 2025 terminou com festa para o Boi Garantido, que conquistou seu 33º título. No entanto, a celebração foi imediatamente ofuscada por um clima de revolta e desconfiança. A polêmica gira em torno da jurada Hylnara Anny Vidal, cuja participação já era contestada antes mesmo do início do evento e, após a apuração, levantou fortes suspeitas de favorecimento ao boi vermelho. 

Hylnara foi responsável por 16 notas abaixo de 10 para o Caprichoso, enquanto atribuiu exclusivamente notas máximas ao Garantido durante os três dias de apresentações. A disparidade nos julgamentos reacendeu acusações de parcialidade e colocou em xeque a lisura do resultado. 

Suspeita anterior virou realidade 

A presidência do Boi Caprichoso havia formalizado, antes do festival, um pedido de impugnação da jurada. O documento, assinado por Rossy Amoedo, presidente do boi azul, apresentava evidências de que Hylnara teria ligações com integrantes da comissão do Garantido. 

Mesmo assim, o pedido foi ignorado, e Hylnara permaneceu na comissão julgadora. As notas concedidas por ela acirraram ainda mais as críticas. Veja o detalhamento: Primeira noite: Caprichoso recebeu três notas 9,8, duas 9,9 e duas 10. O Garantido, sete notas 10. Segunda noite: seis notas 9,9 e uma 10 para o Caprichoso; sete notas 10 para o Garantido. Terceira noite: três notas 9,8, duas 9,9 e duas 10 para o Caprichoso; novamente, sete notas 10 para o Garantido. 

Primeira Noite

Segunda Noite

Terceira Noite

A regularidade das notas máximas para o Garantido, contrastando com a série de notas abaixo de 10 para o Caprichoso, acendeu o alerta de torcedores e dirigentes. Durante a apuração, Rossy Amoedo deixou a sala em protesto. Minutos depois, o Garantido foi declarado campeão. 

Quem é Hylnara Anny Vidal? 

A jurada no centro da polêmica é atriz, formada em teatro pela Universidade Federal do Ceará, e também publicitária. Hylnara mantém uma presença ativa nas redes sociais, onde é vista frequentemente em eventos ligados a igrejas evangélicas, participando de círculos de oração e manifestações de fé cristã. 

Nas redes sociais, muitos internautas também apontaram para o que consideram uma inconsistência entre o perfil de Hylnara Vidal e o papel que ela desempenhou no festival, visto que ela foi escalada para julgar um evento repleto de expressões culturais e religiosas diversas — com rituais indígenas, referências mitológicas e símbolos de espiritualidade ancestral. Para muitos, essa aparente incompatibilidade colabora para aumentar a desconfiança quanto à sua imparcialidade no julgamento, especialmente diante da disparidade nas notas atribuídas aos bois. 

Além disso, Hylnara já era conhecida no meio cultural de Parintins por sua proximidade com integrantes do Garantido — informação que constava no ofício enviado pelo Caprichoso à organização do festival. 

Reações e próximos passos 

Nas redes sociais, a revolta tomou forma de campanhas pedindo a reavaliação do resultado. O boi azul afirmou que irá entrar com novo recurso pedindo a anulação das notas atribuídas por Hylnara, o que, caso fosse aceito, poderia reverter o resultado final — ou, ao menos, abrir precedente para maior rigor na escolha dos jurados nos próximos anos. 

Enquanto isso, o Festival de Parintins, patrimônio cultural do Brasil, se vê diante de um impasse: a celebração da cultura popular ouve o eco de denúncias graves que exigem respostas à altura de sua importância.