Ministério Público faz 'caça às bruxas' contra sertanejos bolsonaristas em 6 estados
Gusttavo Lima teve um show cancelado por prefeito e outro pela Justiça.
folhanews
Publicada em: 04/06/2022 10:52:01 - Atualizado
O Ministério Público questiona a realização de shows de 29 prefeituras em 6 estados do país após a polêmica que começou quando o sertanejo Zé Neto criticou Anitta e a Lei Rouanet, no dia 12 de maio.
São Luiz (RR) - Vaquejada com Gusttavo Lima com cachê de R$ 800 mil e outros shows - O Ministério Público de Roraima investiga.
Magé (RJ) - Aniversário da cidade com Gusttavo Lima com cachê de R$ 1 milhão e outros shows - O Ministério Público do Rio de Janeiro investiga.
Teolândia (BA) - CANCELADO - Festa da Banana com Gusttavo Lima com cachê de R$ 700 mil e outros shows - A Justiça atendeu ao pedido do Ministério Público da Bahia e cancelou o evento.
Mossoró (RN) - Festa Junina com Wesley Safadão com cachê de R$ 600 mil e Xand Avião com cachê de R$ 400 mil e outros shows- O Ministério Público do Rio Grande do Norte (MPRN) entrou com uma ação civil pública para que a Justiça cancele os dois shows.
Conceição do Mato Dentro (MG) - CANCELADO - Festa com Gusttavo Lima com cachê de 1,2 milhão e Bruno & Marrone com cachê de R$ 520 mil e outros shows - O Ministério Público de Minas Gerais estava apurando quando o prefeito cancelou os dois shows.
Mato Grosso - 24 cidades: Gaúcha do Norte, Porto Alegre do Norte, Figueirópolis D’Oeste, Sorriso, Nortelândia, Salto do Céu, Alto Taquari, Novo São Joaquim, Nova Mutum, Sapezal, Canarana, Acorizal, Brasnorte, Água Boa, São José do Xingu, Vera, Barra do Garças, Juína, Querência, Bom Jesus do Araguaia, Santa Carmem, Matupá, Nova Canaã do Norte e Novo Horizonte do Norte - O Ministério Público de Mato Grosso abriu uma investigação sobre todos os shows destes municípios, sem especificar os artistas. A lista inclui Sorriso, cidade onde Zé Neto detonou a polêmica com um discurso contra Anitta e Rouanet, ganhando cachê de R$ 400 mil.
Entenda também, nos tópicos abaixo, como começou a polêmica:
No dia 12 de maio, Zé Neto fez um discurso no palco em Sorriso (MT) ironizando a "tatuagem no toba" de Anitta e dizendo que eles são artistas que "não dependem da Lei Rouanet".
Ele virou alvo dos fãs de Anitta nas redes. No meio das críticas estava o fato de que Zé Neto ataca a Rouanet, mas faz shows com verbas de prefeituras, inclusive em Sorriso, por R$ 400 mil.
Este tipo de show não é exclusivo de Zé Neto e Cristiano. Sertanejos e artistas de outros estilos, inclusive Anitta, já ganharam cachês altos de prefeituras, como mostrou o g1 no dia 19 de maio.
A contradição entre as críticas à Lei Rouanet, cujos projetos passam por vários critérios e controles, e shows de prefeituras, feitos sem licitação, virou debate.
O artigo 25 da Lei das Licitações permite que as prefeituras contratem um artista consagrado sem que seja feita uma licitação. A contratação pode, segundo a lei, ser direta ou por meio do empresário do artista, contanto que ele seja "consagrado pela crítica especializada ou pela opinião pública". Mesmo assim, ainda é preciso haver um contrato público sujeito a controle de órgãos como Tribunais de Contas e Ministério Público.
Nas redes sociais, o tema entrou em alta, e ganhou até a hashtag #CPIdoSertanejo - não existe uma CPI de verdade, mas o assunto continuou repercutindo todos os dias.
O foco passou para Gusttavo Lima, que teve os maiores cachês revelados até agora.
No dia 26 de maio, Gusttavo Lima disse que "não cabe ao artista fiscalizar as contas públicas"