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    porto velho, domingo 22 de setembro de 2024

Influenciador Bruno Krupp não tem CNH nem fez prova prática para dirigir moto

Advogado disse que o cliente ‘só não tinha pego a carteira ainda’.


G1

Publicada em: 04/08/2022 15:16:54 - Atualizado


BRASIL - Ao contrário do que afirmou nesta quarta-feira (3) o advogado de Bruno Krupp, o modelo e influenciador não tem habilitação para pilotar motos. Bruno está sob custódia em um hospital particular na Zona Norte do Rio pela morte, por atropelamento, do jovem João Guilherme.

“Ele só não tinha habilitação ainda porque o Detran, salvo engano, já tinha aferido a carteira dele. Ele só não tinha pego a carteira ainda, disse William Pena, que representa Bruno, na porta do hospital.

A TV Globo apurou que o modelo nem sequer fez a prova prática do Detran para motos. Bruno apenas foi aprovado no exame teórico e ainda precisava cumprir a carga horária mínima de aulas de pilotagem nas ruas.

Bruno pilotava, em alta velocidade (a mais de 150 km/h, numa via cujo limite é de 60 km/h) e estava sem habilitação, mesmo após ter sido pego em uma blitz três dias antes do atropelamento. A Justiça do RJ expediu um mandado de prisão contra o rapaz, que responde por homicídio com dolo eventual, quando se assume o risco de matar. A vítima é João Gabriel Cardim Guimarães, de 16 anos.

Nesta quarta, Krupp foi encontrado em um hospital no Méier, na Zona Norte do Rio, onde deve ficar preso sob custódia até ser liberado pelos médicos.

William Pena alegou ainda que a moto que atropelou João Guilherme “deu uma pane no freio”.

“O que ele me disse hoje [quarta], logo antes de entrar para cirurgia, foi que a moto deu uma pane no freio e ele perdeu o controle, porque ele se assustou com o rapaz [João Gabriel] voltando”, comentou o advogado.

Ainda segundo Pena, não houve dolo na ação de Bruno, ou seja, ele não teve a intenção de praticar o ato. Contudo, o defensor admitiu que motorista estava rápido demais.

"Eu até acredito que sim [estava rápido demais]. Mas uma moto de quase mil cilindradas, a juventude de hoje quer dar uma arrancada, e ele vai pagar o preço pelo erro que cometeu de imperícia”, disse.

“Não houve dolo. Ninguém sai de casa para matar ninguém atropelado. 'Ah, eu vou ali atropelar alguém na esquina'. Está havendo um certo exagero com tudo que estão publicando. Não há perícia, foi desfeito o local do acidente”, disse William Pena.

“Agora, não se pede a prisão preventiva de uma pessoa fundamentando apenas com o que viram no Instagram, que o cara é isso, que o cara é aquilo. Venhamos e convenhamos”, emendou.

‘Como se eu tivesse feito coisa errada’

Bruno Krupp fala sobre atropelamento: 'como se eu tivesse feito uma coisa errada'

Em um vídeo gravado dentro do hospital, e obtido pela TV Globo, Bruno Krupp disse ter ocorrido um acidente. Krupp afirma não ter feito nada de errado: "Eu não bebi, não usei droga".

No vídeo no qual comentou o episódio, Krupp aparece em uma maca e com curativos. Nas imagens, queixou-se de ter sido chamado de "assassino" e negou ter fugido do Hospital Municipal Lourenço Jorge, na Barra da Tijuca, para onde havia sido levado inicialmente e do qual teve alta no domingo (31).

“Eu fui levado de ambulância, não fugi do hospital, não fugi dos médicos. Eu estava morrendo no hospital, os empregados me tratando mal, batendo com a maca no corredor, me chamando de assassino, como se eu tivesse feito alguma coisa errada”, declarou Bruno no vídeo.

"Eu não bebi, eu não usei droga. Foi um acidente, gente!”

No vídeo obtido pela TV Globo, o modelo diz: “Gente, pelo amor de Deus, eu sou a última pessoa que queria que isso tivesse acontecido. Pode ter certeza de que eu queria que o pior tivesse acontecido comigo”.

O g1 entrou em contato com a Secretaria Municipal de Saúde do Rio, que informou não haver queixa do modelo sobre as "supostas condutas inadequadas" no hospital (veja a nota completa ao final desta reportagem).

Bruno Krupp é preso por morte de adolescente em atropelamento na Barra


Risco assumido de matar, diz juíza

Segundo o texto da decisão judicial que levou Bruno à prisão, ele pilotava moto a pelo menos 150 km/h quando atropelou o rapaz, na Avenida Lúcio Costa, na orla da Barra. O limite de velocidade no local é de 60 km/h.

Além disso, estava sem carteira de habilitação, e a moto, sem placa. A situação era a mesma de quando ele foi parado em uma blitz da Lei Seca, três dias antes. Na ocasião, também se negou a fazer o teste do bafômetro, que indicaria se ingeriu bebida alcoólica.

"A situação por ele vivida três dias antes, ao ser parado em uma blitz, não foi suficiente para alertar-lhe dos riscos de direção perigosa e em contrariedade ao que dispõe a lei e o bom-senso. Em outras palavras: não foi o bastante que tivesse sido parado pelos agentes da Lei Seca", destacou a juíza Maria Izabel Pena Pieranti, citando outros dois inquéritos que investigam o modelo.

"Ser pego na situação já descrita não teve qualquer efeito didático. Ao contrário, adotou conduta mais ainda letal, acabando por tirar a vida de um jovem que estava acompanhado de sua mãe, ressaltando-se que Bruno não é um novato nas sendas do crime."

A decisão ainda cita a brutalidade do acidente, pois a perna da vítima foi "violentamente amputada no momento da colisão".

O que diz a Secretaria Municipal de Saúde

Leia, abaixo, a íntegra do comunicado da pasta:

"A direção do Hospital Municipal Lourenço Jorge informa que o paciente Bruno Krupp foi atendido na noite de sábado após acidente de trânsito, passou por todos os cuidados e exames indicados, inclusive tomografia computadorizada, e teve alta no domingo. Em diversos momentos durante o atendimento ele expressou desejo de deixar a unidade e ir a um hospital da rede particular.

Não há registro de queixa do paciente sobre supostas condutas inadequadas por parte da equipe assistencial. Caso ele queira formalizar a reclamação, a direção do hospital abrirá um procedimento para apurar os fatos devidamente".


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