Fundado em 11/10/2001
porto velho, quarta-feira 28 de maio de 2025
O futebol, paixão nacional e patrimônio cultural, parece cada vez mais refém de interesses econômicos que corrompem sua essência esportiva.
A recente convocação do técnico Carlo Ancelotti, um dos mais respeitados nomes do futebol mundial, evidencia essa tendência preocupante. Apesar de sua competência e currículo incontestável, surgiram relatos de que a CBF (Confederação Brasileira de Futebol) lhe apresentou uma lista de jogadores "indicados" por dirigentes, levantando dúvidas sobre a autonomia do treinador na montagem da equipe. Quando o comando técnico se submete a sugestões vindas de cima – muitas vezes atreladas a vínculos empresariais – a meritocracia perde espaço, e o rendimento da Seleção inevitavelmente sofre.
Empresários têm se consolidado como figuras influentes não só nos bastidores de clubes, mas agora também no centro das decisões da Seleção. Jogadores com pouca ou nenhuma justificativa esportiva para serem convocados aparecem em listas oficiais, enquanto talentos em grande fase permanecem ignorados.
Não se trata de uma crítica exclusiva a Ancelotti, mas sim de um sistema viciado que, independentemente do técnico, opera com lógica própria. Quando o treinador da Seleção Brasileira – cargo de enorme prestígio – se vê obrigado a ceder a pressões extracampo, a identidade do futebol brasileiro está em risco.
A solução passa por reformas estruturais na CBF, por maior transparência nos critérios de convocação e por blindar o técnico de qualquer interferência que não seja de ordem técnica. A Seleção precisa voltar a ser um reflexo do talento e esforço dos melhores, não dos interesses de empresários com acesso privilegiado.
Enquanto o futebol brasileiro não se libertar dessas amarras, continuará comprometido, não apenas nos resultados, mas no respeito de sua própria torcida.