Fundado em 11/10/2001
porto velho, sexta-feira 29 de novembro de 2024
Josh Wander, sócio-fundador da 777 Partners, não acreditaria se alguém lhe contasse, vinte anos atrás, que ele administraria clubes de futebol pelo mundo. Para começar porque, bem, sua paixão não era exatamente o "soccer" – jeito peculiar que americanos usam para denominar o esporte mais popular do planeta. Ele preferia o futebol de bola oval – era presença constante nos jogos do Miami Dolphins.
A 777 Partners propõe o investimento de R$ 700 milhões na SAF (Sociedade Anônima do Futebol) do Vasco ao longo dos próximos anos, em troca da aquisição de 70% das ações dessa empresa. Também existe predisposição para investimentos na reforma de São Januário, o que potencialmente fará com que a operação como um todo supere o bilhão de reais.
Hoje, o investidor está à frente de uma multinacional ainda em formação. Na Itália, a 777 é proprietária do Genoa. Na Espanha, a empresa possui uma participação de 15% sobre o Sevilla. E agora, no Brasil, o grupo avança para comprar o controle do clube-empresa que o Vasco abrirá.
Na tarde desta terça-feira, um dia após assinar pré-acordo com o presidente vascaíno, Jorge Salgado, Josh concedeu sua primeira entrevista a um veículo brasileiro. O investidor conversou com o ge, de dentro de seu escritório, em um arranha-céu de Miami, por cerca de 40 minutos.
A intenção da 777 é tornar o Vasco uma superpotência global. Global, aliás, é uma palavra que ele repete com frequência. Tanto para se referir ao clube carioca, quanto para tratar de uma futura liga de clubes do futebol brasileiro. Esses aspectos são essenciais para que a companhia obtenha o retorno que espera sobre o investimento.
– Primeiramente, obrigado por falar conosco. Minha primeira pergunta é: como você escolheu o Vasco para investir? O que te interessou no Vasco?
– Para começar, quero dizer como estamos incrivelmente empolgados de fazer parte do Vasco da Gama e sua rica história. Sou um fã de esportes desde que nasci e mais recentemente me tornei um grande fã de "soccer", ou football, como é chamado em algumas partes do mundo. O entusiasmo dos torcedores brasileiros, a história do futebol no Brasil me empolga pessoalmente como fã. A possibilidade de ver o futebol ser jogado onde ele foi feito para ser jogado.
– Sobre o Vasco, eu acho que, como em todo investimento que analisamos, estamos procurando fatores que nos façam acreditar que haverá valorização desse ativo ao longo do tempo. O Vasco está na segunda maior cidade do Brasil, no quinto maior país do mundo. Há uma população enorme, que podemos comercializar. Nossa visão é que, antes de tudo, queremos comprar clubes que achamos que tenham cenários econômicos que fazem sentido. Que possam ser bem-sucedidos comercialmente, dentro do possível. Ter uma população grande, em países com uma rica história no futebol, tradição, com uma grande conexão com seus torcedores, é muito importante para nós.
– Antes de tudo, nós observamos o Vasco como um clube histórico, que está numa cidade muito populosa. Antes de entrar em mais detalhes, achamos que essa é uma oportunidade muito interessante, num país com grande crescimento populacional, numa indústria que nos últimos anos viveu problemas por causa da Covid.
– A mudança da lei no Brasil permitiu a entrada de investidores estrangeiros. Investir num clube histórico é empolgante para nós. Quando você começa a entrar em detalhes, você percebe que o Vasco tem uma história incrível de derrubar barreiras sociais e raciais. 25 anos antes de o Jackie Robinson se tornar o primeiro negro na Major League Baseball e da Declaração Universal dos Direitos Humanos da ONU, o Vasco já era um defensor destemido dos direitos humanos, da diversidade e da inclusão. Isso nos empolga, queremos nos envolver em negócios nos quais possamos ir bem e fazer o bem. E o Vasco claramente está na vanguarda dessa área nos esportes. O componente ESG (sigla em inglês para ambiental, social e governança) nos animou. E queremos continuar essa tradição no Vasco.