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porto velho, quinta-feira 28 de novembro de 2024
BRASIL - Não é possível saber se Rafael Ramos, atleta do Corinthians, chamou Edenilson, jogador do Internacional, de “macaco”, durante jogo realizado entre as duas equipes no estádio Beira Rio, em Porto Alegre, em 14 de maio deste ano. Essa é a conclusão oficial do laudo pericial apresentado nesta quarta-feira (8) pelo IGP-RS (Instituto Geral de Perícias do Rio Grande do Sul) à 2ª Delegacia de Polícia da cidade, que investiga o caso.
Ao todo, quatro vídeos foram enviados para análise, de acordo com o IGP-RS. Um deles foi selecionado para apreciação por apresentar maior extensão da cena questionada e melhor qualidade de sinal. As imagens foram tratadas com softwares de melhoramento e apresentaram qualidade suficiente para análise, ainda segundo o instituto. Da cena questionada, foram extraídos 41 frames.
A partir desses 41 frames, o IGP-RS afirmou que não foi possível identificar os movimentos realizados na porção interna da cavidade oral de Rafael Ramos, se tornando “tecnicamente inviável localizar todos os vestígios que definem a sequência de consoantes e vogais emitidas”. Ainda segundo o laudo, a maior parte dos gestos que compuseram a fala ocorreram justamente no ambiente intraoral ou em outras porções internas, como a faringe e a laringe.
“Nem em vídeos com excelente qualidade de imagem é possível obter as informações do que se passa na parte não visível do aparelho fonador”, complementou a perícia.
Sobre um pedido de exame pericial de leitura labial que havia sido solicitado anteriormente, o IGP-RS argumentou que “não foi encontrada metodologia científica, aplicada à análise forense de vídeos, que sustente esse tipo de trabalho. Existem apenas publicações sobre percepção visual da fala e aprendizagem de leitura labial. Além disso, o registro enviado não possui o som das falas que interessavam à investigação, tornando impossível a perícia de áudio”.
O órgão estatal complementou que, por essas razões, é impróprio que a perícia criminal oficial do Estado afirme, com responsabilidade do ponto de vista processual e científico, o que foi proferido pelo jogador na cena questionada.
Ainda de acordo com o laudo, “sem que haja o respectivo sinal sonoro para realização de adequada análise percepto-auditiva e acústica, é conceitualmente inviável a definição confiável e inequívoca da pauta sonora proferida por um indivíduo a partir, exclusivamente, das informações relativas aos gestos articulatórios componentes que sejam exteriormente visíveis (como os de lábios e mandíbula)”.
O documento cita, também, que “resultados advindos da tentativa de mapeamento do que teria sido enunciado por um locutor questionado em uma imagem sem o áudio de fala associado (e consequente sinal acústico) seriam meramente exploratórios, representando muito mais conjecturas em torno de possibilidades anatomofuncionais do que evidências materiais”.
O laudo possui 40 páginas e foi assinado por dois peritos criminais da seção de áudio e imagens do Departamento de Criminalística do IGP-RS. Segundo a Polícia Civil do Rio Grande do Sul, a partir de agora será analisado se Rafael Ramos deixará de ser indiciado ou se o atleta português será indiciado pelo crime de injúria racial apenas com base na palavra de Edenílson. Nesta semana, o atleta colorado reafirmou ao STJD que foi xingado de macaco e descartou acareação.