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porto velho, quarta-feira 27 de novembro de 2024
A Seleção Brasileira chega às quartas de final da Copa do Mundo do Catar tentando quebrar um tabu que dura 16 anos: superar europeus na fase mata-mata do torneio. Desde a decisão de 2002, contra a Alemanha, o Brasil não consegue passar de seleções europeias nas fases eliminatórias, tendo sido eliminado quatro vezes seguidas. A primeira, em 2006, para a França, nas quartas de final, por 1 a 0, com gol de Thierry Henry. Naquela edição, a seleção contava com nomes de peso, especialmente o “quadrado mágico” formado por Kaká, Ronaldinho Gaúcho, Ronaldo e Adriano, que deu lugar a Juninho Pernambucano no jogo da eliminação. O time ainda tinha duas estrelas nas laterais: Cafu e Roberto Carlos. Mas foi justamente o ídolo do Real Madrid o culpado pela torcida — Roberto se abaixou para ajeitar o meião e deixou Henry livre para marcar o gol francês.
Na Copa de 2010, o algoz foi a Holanda, também nas quartas de final. Na ocasião, Sneijder marcou os dois gols da vitória da Laranja Mecânica, por 2 a 1, de virada. O jogo foi marcado pela expulsão de Felipe Melo por um pisão em Robben, mostrando todo descontrole da equipe verde-amarela. O Brasil até havia feito um bom primeiro tempo e saiu na frente com gol de Robinho, aproveitando um primoroso lançamento de Melo. Quando tudo desmoronou no segundo tempo, o técnico Dunga olhou para o banco e não encontrou soluções — sua equipe foi derrotada com uma alteração a fazer.
No Mundial de 2014, em casa, a eliminação mais dolorida. Na semifinal, a seleção perdeu de 7 a 1 para a Alemanha, no Mineirão. Essa foi a pior derrota do país em Copas. Naquela edição, Neymar se machucou nas quartas de final e ficou de fora da partida. Suspenso, Thiago Silva também não jogou. Sem seu craque e seu capitão, o Brasil não se encontrou e foi abatido com enorme facilidade. Era visível no rosto de quem vestia amarelo a cara de espanto à medida em que a Alemanha encaçapava gols. O primeiro tempo terminou 5 a 0. A vexatória derrota acabou marcando até carreiras vitoriosas como as de Julio Cesar, David Luiz, Fred, Fernandinho e Luiz Felipe Scolari. Baqueado, o time canarinho ainda perdeu a decisão do terceiro lugar para outro europeu, a Holanda.
Em 2018, o “fantasma” do Velho Continente se repetiu com a Bélgica, nas quartas de final. De volta à Copa após o vexame de 2014, Fernandinho marcou contra, De Bruyne ampliou e Renato Augusto diminuiu na derrota por 2 a 1. O ex-corintiano teve nos seus pés o empate, mas chutou para fora da entrada da área. Foi a principal das diversas chances perdidas pela equipe de Tite, que, além da má pontaria, lamentou também um pênalti não marcado em cima de Gabriel Jesus. Tite afirma que conversou depois com o árbitro Milorad Mazic e ouviu dele que havia se equivocado na decisão.
Jesus está lesionado e por isso não fica nem no banco nesta sexta-feira, 9, contra a Croácia, às 12h (horário de Brasília), no estádio Cidade da Educação, mas oito de seus companheiros na Copa do Mundo da Rússia tentarão dar fim a este tabu incômodo e à crítica de que a Seleção Brasileira tem um nível abaixo se comparado com as principais potências mundiais. Alisson, Danilo, Marquinhos, Thiago Silva, Casemiro (que estava suspenso contra a Bélgica) e Neymar serão titulares. Já Ederson e Fred provavelmente começarão a partida no banco. Se despachar os croatas, o Brasil se classificará para as semifinais, contra Argentina e Holanda, e manterá vivo um sonho que nenhuma outra seleção (da Europa ou fora dela) pode alcançar: o hexa.