• Fundado em 11/10/2001

    porto velho, sexta-feira 12 de setembro de 2025

Brasileira no Exército de Israel comenta guerra: 'A gente não tem tempo de se lamentar'

Brasileira no Exército de Israel comenta atuação na guerra: 'A gente não tem tempo de se lamentar'


g1

Publicada em: 14/10/2023 10:24:53 - Atualizado


A brasileira Carolina Mendes, de 20 anos, mora em Israel desde os 14 anos. De família judia no Ceará, ela resolveu ficar no país após concluir os três anos do ensino médio por lá. Carolina começou a cumprir o serviço militar aos 18 anos, etapa que é obrigatória também para mulheres. Dois anos depois, a jovem vive a rotina de uma militar em guerra.

Carolina estava na ativa como soldado do exército israelense quando o grupo extremista Hamas bombardeou Israel, deixando centenas de mortos e milhares de feridos no sábado, 7 de outubro. Ela integra as equipes de resgate e tem sido convocada para atuar como combatente.

Desde o início do conflito, Carolina tem se deslocado para outras bases militares. O contato com a mãe e as irmãs é frequente para dar notícias e tranquilizar os familiares.

"Minha cabeça está bem cheia, ainda estou processando o que está acontecendo. Ainda tenho meu namorado, que está em casa, e desde sábado está indo em enterros de amigos. A gente não tem tempo de se lamentar porque está batalhando em uma guerra", declarou a jovem.

"O meu maior objetivo é fazer Israel continuar existindo. Eu estou aqui pelo povo de Israel, pela história, para não se repetir o holocausto", destacou Carolina. Ela revelou, inclusive, que não pretende voltar ao Brasil.

Carolina informou que acordou, no último sábado, com ligações da comandante, mas pensou que se tratava de algum bombardeio. "Achei que ela estava ligando só por preocupação, mas quando liguei a TV, me dei conta do que estava acontecendo. Me vi como se estivesse em um filme. Gente morrendo, desaparecida, sendo sequestrada", lembrou a jovem.

Ela disse que a comandante pediu que ela fizesse uma mala para um mês. A base onde ela servia, em Gaza, foi atacada pelo Hamas, e morreram sete pessoas. "Temos que estar preparados para tudo, o tempo todo. Todo mundo que está em Israel perdeu alguém. Se todo mundo parar para chorar, o país já seria do Hamas", disse a cearense.

Carolina vem de uma família de judeus perseguidos na Europa durante a Segunda Guerra Mundial. Ela é uma das cinco filhas da comerciante Izabel Mendes, que atualmente mora em São Paulo.

Quando vieram para o Brasil, os avós de Izabel chegaram por Recife e acabaram se estabelecendo em Sobral, cidade do interior do Ceará. Izabel nasceu quando a família já morava em Fortaleza. Ela se mudou para São Paulo depois que os pais se divorciaram.

Carolina nasceu no período em que Izabel resolveu morar na capital cearense por uns tempos. E cresceu em São Paulo, quando a mãe voltou. Mas os vínculos com Fortaleza permaneceram, com muitos familiares que continuam vivendo no Ceará.

A família preservou as raízes e o judaísmo como religião. Por esses vínculos, uma irmã de Carolina já tinha ido a Israel cursar o ensino médio antes dela. Ela fez o mesmo caminho quando tinha 14 anos, contemplada por um programa de estudos para descendentes de judeus.

Como estudante, Carolina morava na escola durante a semana e ia para Tel Aviv nos fins de semana, onde ficava com a irmã mais velha. Ela conquistou a dupla cidadania, sendo reconhecida como brasileira e israelense. E quis continuar vivendo em Israel depois de concluir os três anos de estudos. Quando ela tomou essa decisão, já estava na companhia de duas irmãs: Renata e Bianca.


Fale conosco