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porto velho, segunda-feira 25 de novembro de 2024
BRASIL: A obesidade não é apenas uma questão de alimentação e exercícios — pode estar no seu código genético, segundo uma nova pesquisa.
“As causas da obesidade são muito complexas e, na maioria dos casos, resultam da combinação de muitos fatores. Neste estudo, no entanto, encontramos um gatilho genético claro para a obesidade”, diz o autor principal do estudo, Dr. Mattia Frontini, bolsista sênior da British Heart Foundation e professor associado em biologia celular na Universidade de Exeter, no Reino Unido, em um e-mail.
Os pesquisadores usaram dados do UK Biobank, um grande banco de dados biomédicos e recurso de pesquisa que acompanha as pessoas a longo prazo, de acordo com o estudo publicado na quinta-feira (20) na revista Med. Eles compararam dados de pessoas com duas cópias defeituosas de um gene específico (SMIM1) com aqueles que não tinham as duas cópias defeituosas.
Mulheres com a mutação genética pesavam em média 4,6 quilos a mais, e homens com a variante pesavam 2,4 quilos a mais, segundo o estudo.
As cópias defeituosas do gene SMIM1 causam uma diminuição na função da tireoide e uma redução no gasto de energia, diz Frontini, “o que significa que, dado o mesmo consumo de alimentos, menos energia é usada e esse excesso é armazenado como gordura.”
Não apenas a correlação é significativa, mas este estudo também identifica uma mutação genética específica, o que nem sempre é o caso em pesquisas, segundo Dr. Philipp Scherer, diretor do Touchstone Diabetes Center no University of Texas Southwestern Medical Center. Ele não estava envolvido no estudo.
“É um estudo empolgante porque coloca um novo gene no mapa”, diz Scherer. “É um gene real, em vez de apenas um locus genômico com uma mutação em algum lugar que não entendemos. … Achamos que estamos olhando para um gene aqui que podemos estudar mais a fundo.”
Essa descoberta genética em particular não se aplica a uma grande população de pessoas com obesidade — apenas cerca de 1 em 5 mil pessoas possuem essa composição genética, segundo Frontini.
“Isso é bastante raro, mas você multiplica isso para uma população de 10 (milhões), 15 milhões e há muitas pessoas por aí que poderiam andar com essa mutação e talvez não estivessem totalmente cientes do fato de que há uma explicação genética para sua luta contra a obesidade”, diz Scherer.
A disfunção na tireoide é comum, afetando quase 2% da população no Reino Unido, afirma Frontini, e é tratada regularmente com uma medicação relativamente barata, acrescenta o especialista.
O próximo passo na pesquisa é descobrir se pessoas com a mutação SMIM1 se qualificam para tratar sua tireoide com medicação, diz.
“Se elas se qualificarem, planejamos realizar um ensaio clínico randomizado para determinar se elas se beneficiariam do tratamento”, afirma Frontini. “A esperança é que sim, e que possamos melhorar a qualidade de vida delas usando um tratamento barato e seguro.”
O peso não é apenas uma questão de força de vontade ou preguiça. O tamanho e a forma do seu corpo são determinados por muitos fatores — alguns dos quais você pode controlar e outros não, de acordo com o Instituto Nacional de Diabetes e Doenças Digestivas e Renais.
Entre esses fatores estão os hábitos de vida, a quantidade de sono que você tem, medicações, problemas de saúde, onde você vive e trabalha, e a genética, segundo o instituto.
A pesquisa sobre fatores genéticos e possíveis tratamentos ainda está em andamento, mas Scherer disse que a melhor abordagem atual para o tratamento médico da obesidade são os medicamentos GLP-1.
Dietas severamente restritivas não são a resposta, afirma Brooke Alpert, nutricionista registrada e autora de “The Diet Detox: Why Your Diet Is Making You Fat and What to Do About It” (“O Detox da Dieta: Por que sua dieta está te fazendo engordar e o que fazer a respeito”), em um artigo anterior da CNN Internacional.
Demonizar excessivamente os alimentos pode fazer com que você os deseje ainda mais, e a culpa que você sente quando cede pode levar a um ciclo de flutuação entre se restringir e comer compulsivamente, acrescentou.
Se você quer fazer mudanças em seu estilo de vida, é melhor tentar uma abordagem gradual e sustentável, mantendo um relacionamento saudável com a comida, diz Emily Feig, pesquisadora de pós-doutorado no Hospital Geral de Massachusetts, no mesmo relatório da CNN.