PORTO VELHO-RO: A falta de articulação eficaz das lideranças políticas e das entidades representativas do setor produtivo de Rondônia resultou em uma concessão da BR-364 sem alterações substanciais, permitindo que o consórcio vencedor do edital impusesse condições prejudiciais para a população. 

A aprovação do edital de concessão sem as devidas correções levou à cobrança de pedágios exorbitantes para motoristas, especialmente os caminhoneiros que percorrem o trajeto Porto Velho-Vilhena.

Na última quinta-feira, a licitação para a duplicação da BR-364 foi concluída, e, como resultado, os caminhoneiros poderão ter que pagar até R$ 1.000,00 de pedágio em cada trajeto entre Porto Velho e Vilhena. Com a ida e volta, o valor total chega a R$ 2.000,00, o que gerou indignação entre os usuários da rodovia e coloca em xeque a representatividade das autoridades locais.

A bancada federal de Rondônia, a Assembleia Legislativa, prefeitos, governadores e senadores não conseguiram impedir que o edital fosse aprovado sem alterações, deixando claro o atraso nas mobilizações em defesa dos interesses da população. Somente no último momento, já com o processo praticamente concluído, as lideranças começaram a se manifestar, mas a pressão não foi suficiente para reverter o impasse.

A Falta de Defesa Efetiva

O processo de concessão da BR-364, que visava melhorar a infraestrutura da rodovia, gerou grande expectativa entre os moradores de Rondônia. Contudo, o modelo de concessão que foi aprovado acaba impondo um pesado fardo para quem depende da rodovia diariamente, especialmente os caminhoneiros que fazem o trajeto entre Porto Velho e Vilhena.

A crítica central recai sobre a inação das entidades representativas do setor produtivo e da classe política do estado, que não se anteciparam ao processo, permitindo que o consórcio vencedor impusesse um modelo de pedágio tão oneroso. Embora as autoridades estaduais e municipais tenham tentado agir no último momento, o tempo para uma ação eficaz já havia se esgotado.

Repercussão e Mobilização

Com a imposição de valores de pedágio elevados, a população de Rondônia, especialmente os trabalhadores do transporte de cargas, está sendo diretamente afetada. Os motoristas que dependem da BR-364 para fazer entregas entre Porto Velho e o sul do estado terão que arcar com custos altíssimos, o que pode impactar diretamente a economia local e aumentar o custo do frete para os consumidores.

Em resposta a essa situação, cresce a pressão por uma revisão imediata do edital de concessão. Movimentos de caminhoneiros, empresários locais e cidadãos estão organizando protestos e pressionando os representantes políticos para que reabram o debate sobre a concessão e busquem alternativas que amenizem os altos custos de pedágio.

O Que Fazer Agora?

Com o contrato já aprovado, as possibilidades de reverter ou mitigar os danos são limitadas, mas ainda há margem para ação. O governo estadual e a bancada federal podem atuar para ajustar as condições do pedágio, garantindo um valor mais acessível para os usuários da BR-364. Além disso, a sociedade civil tem se mostrado disposta a cobrar mais efetivamente seus representantes, exigindo soluções mais imediatas para os problemas impostos pela concessão.

Se por um lado o processo de concessão da BR-364 pode trazer benefícios de longo prazo em termos de infraestrutura, por outro, a falta de uma defesa mais incisiva dos interesses da população local levanta sérias questões sobre a capacidade de articulação política em momentos decisivos.