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porto velho, sábado 19 de julho de 2025
Enquanto o Ministério da Saúde afirma ter distribuído a estados e municípios, desde 18 de janeiro, mais de 43 milhões de doses de vacinas contra covid-19, somente cerca de 18,9 milhões foram aplicadas na população.
O vacinômetro mostra que, até esta sexta-feira (2), 15,7 milhões de pessoas receberam pelo menos a primeira dose da vacina. Destas, 3,2 milhões já tomaram a segunda.
O governo afirma que o quantitativo é suficiente para imunizar 24,4 milhões de brasileiros, número ainda muito acima do observado hoje, em torno de 12,5 milhões.
Na quinta-feira (1º), o Brasil atingiu a marca de 1 milhão de pessoas vacinadas contra covid-19 em um único dia, patamar que é possível de ser mantido, segundo especialistas, pela expertise que o SUS tem em programas de imunização.
O próprio ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, prometeu vacinar 1 milhão de pessoas por dia em sua primeira entrevista após a posse, embora não tenha explicado como.
A diferença entre doses já aplicadas e as distribuídas é de 24 milhões, mas recentemente houve paralisação das campanhas de vacinação em diversas cidades por falta de imunizantes.
Mas o que aconteceu, então, para que o plano de vacinação não caminhasse na velocidade necessária?
O presidente do Fórum de Governadores, Wellington Dias (PT-PI), repassou outros dados. Segundo ele, chegaram aos estados 34 milhões de vacinas, sendo que 16,9 milhões foram aplicadas na primeira dose e 5,2 milhões, na segunda, o que indica em torno de 11,7 milhões de pessoas.
Dias ainda afirmou que cerca de 600 mil doses são reservados como estoque de segurança, para substituição rápida no caso de problema com algum lote; e 5,2 milhões de doses de CoronaVac estão reservadas para segunda dose porque o tempo entre as duas aplicações é curto — de 21 a 28 dias.
A decisão dos governadores de estocar doses vai contra uma autorização do Ministério da Saúde para que todo o estoque seja usado. A pasta entende que já há um horizonte de segurança em relação às próximas entregas do Instituto Butantan e da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz).
A vacina Oxford/AstraZeneca, produzida pela Fiocruz, permite que todo o estoque disponível seja utilizado, já que a dose de reforço é aplicada após 12 semanas.
No entanto, a discrepância levanta suspeitas entre aliados do presidente Jair Bolsonaro, que chegou a postar um "vacinômetro" comparando o que foi entregue pelo Ministério da Saúde e o que já foi aplicado.