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porto velho, segunda-feira 7 de julho de 2025
O retorno às aulas presenciais é considerado adequado e até atrasado por especialistas em educação e saúde ouvidos pelo Estadão. Mas também é criticado por entidades de classe, que classificam a medida como precipitada. Além do Estado de São Paulo, Mato Grosso vai tornar obrigatórias as aulas presenciais a partir da próxima segunda-feira, 18. Essa também será a data de retorno das aulas totalmente presenciais na Bahia. O governo baiano não esclareceu à reportagem se a presença será obrigatória ou não.
"Precisamos resgatar as atividades escolares, não só pela questão acadêmica como pelo papel social da educação. Mas é necessário continuar usando máscara, não compartilhar objetos pessoais, lavar as mãos com frequência e tentar manter algum distanciamento", afirma Chrystina Barros, pesquisadora em Saúde do Centro de Estudos em Gestão de Serviços de Saúde (CESS) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e integrante do Grupo Técnico Multidisciplinar de Enfrentamento à Covid-19 da mesma universidade.
A médica destacou medidas importantes para garantir a segurança de todos. "Para que o retorno seja seguro, considerando que não temos vacina para menores de 12 anos, é preciso que exista espaçamento, uso de máscaras e observação de toda a comunidade acadêmica para que, havendo qualquer sintoma.
A determinação de volta às aulas presenciais em São Paulo foi criticada pelo Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp). Presidente da organização e deputada estadual (PT), Bebel Noronha chamou a decisão de "irresponsável". Ela defendeu que o comparecimento às aulas presenciais deveria ser facultativo até o fim do ano: "Acredito que não há ainda um preparo nas estruturas físicas das escolas", argumentou. "Por que não esperar um grau de segurança maior?"
Presidente da Federação dos Professores do Estado (Fepesp), Celso Napolitano lembra que quase a totalidade dos docentes retornou à atividade presencial e que há poucos relatos de desrespeito a protocolos de segurança. Ele entende que o anúncio do Estado é apressado, devido à necessidade das famílias de se reorganizarem.
Já o presidente do Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino do Estado (Sieeesp), Benjamin Ribeiro da Silva, acha que a decisão "até veio tarde". O retorno com 100% de ocupação é um pleito antigo da entidade, que diz representar cerca de 10 mil escolas privadas. "Estamos torcendo para que ninguém volte atrás nessa decisão."
"As escolas particulares estão prontas. Contrataram consultorias, fizeram treinamentos com funcionários", comenta. "O pai deve cobrar que a escola, além da qualidade de ensino, ofereça também segurança."