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    porto velho, terça-feira 16 de dezembro de 2025

Pressão de presidente americano sobre Netanyahu foi crucial para acordo com Hamas

Presidente americano decidiu intervir pessoalmente após ataque israelense contra palestinos no Catar, mudando o rumo das negociações de cessar-fogo


cnn

Publicada em: 09/10/2025 09:55:19 - Atualizado


MUNDO: O presidente Donald Trump exerceu uma enorme pressão tanto sobre o Hamas quanto sobre Israel para que os dois lados aceitassem a primeira fase de um acordo de cessar-fogo na Faixa de Gaza.

Mas um fator, em especial, foi essencial para o sucesso do acordo: a decisão de Trump de confrontar diretamente o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, de forma inédita.

Até poucas semanas atrás, o republicano vinha dando praticamente carta branca para as ações israelenses em Gaza, argumentando que “Israel tem o direito de se defender”. Essa também foi a postura de Joe Biden quando ocupava a Casa Branca

Mas a situação mudou bruscamente após um episódio que irritou profundamente a Casa Branca: uma operação secreta das forças israelenses para assassinar líderes do Hamas exilados em Doha, capital do Catar — país aliado dos Estados Unidos e mediador central nas conversas de paz.

Segundo fontes diplomáticas em Washington, o ataque, que resultou em seis mortes, incluindo integrantes das forças de segurança do Catar, foi a gota d’água para Trump.

O presidente considerou a ação uma afronta direta à autoridade americana e ao equilíbrio frágil das negociações conduzidas com apoio do Catar e do Egito – especialmente porque os israelenses não informaram os americanos antecipadamente sobre o ataque, como normalmente fazem em casos parecidos.

O isolamento internacional de Israel, cada vez mais evidente, também pesou.

Em apenas duas semanas, vários países europeus — incluindo aliados importantes de Israel, como o Reino Unido e França — reconheceram oficialmente o Estado da Palestina.

E, em um gesto simbólico que repercutiu globalmente, centenas de delegados deixaram o plenário da ONU durante o discurso de Netanyahu na última Assembleia Geral.

Pressão sobre Netanyahu

Depois de tudo isso, Trump resolveu agir.

Fontes próximas ao governo americano chegaram a dizer que, após uma conversa tensa na Casa Branca, logo depois do discurso na ONU, o presidente americano deixou claro a Netanyahu que o apoio militar e diplomático dos EUA não seria ilimitado.

O recado foi reforçado quando ele exigiu que o premiê israelense telefonasse pessoalmente ao primeiro-ministro do Catar, xeque Mohammed bin Abdulrahman Al Thani, para pedir desculpas pelo ataque em Doha.

Paralelamente, o líder americano aumentou a pressão sobre o Hamas.

O tom, nesse caso, foi público e explosivo: o presidente ameaçou “obliterar completamente” o grupo caso não libertasse imediatamente os reféns israelenses e estrangeiros e não se comprometesse a depor as armas — algo que o Hamas ainda não aceitou fazer.

As pressões deram resultados e a intervenção direta de Trump também restaurou parte da credibilidade dos Estados Unidos como mediador, enfraquecida após anos de alinhamento automático com Israel.

Mas os riscos continuam altos. O Hamas ainda não aceitou depor as armas nem abrir mão de controle político sobre Gaza, e facções mais radicais dos dois lados podem tentar sabotar o acordo – como já aconteceu nos dois acordos de cessar-fogo anteriores.

Pelo lado israelense, o risco principal é representado pelos políticos de ultra-direita e ultra nacionalistas. Esses grupos defendem abertamente a anexação total da Faixa de Gaza e da Cisjordânia, em desafio à comunidade internacional.

Prometem, inclusive, deixar o governo de Netanyahu caso o Hamas não seja completamente destruído no campo de batalha.

Por enquanto, o cessar-fogo representa apenas uma pausa precária em uma guerra que devastou Gaza e isolou Israel.

Mas a decisão de Trump de mudar o tom e cobrar responsabilidade de ambos os lados criou, pela primeira vez em meses, uma esperança de que a paz possa voltar à região.




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