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Groenlândia diz a Trump que está aberta para negócios, mas não à venda

Groenlândia diz a Trump que está aberta para negócios, mas não à venda


Notícias ao Minuto

Publicada em: 16/08/2019 15:10:22 - Atualizado



 A Groenlândia disse nesta sexta-feira (16) que está aberta para negócios com os EUA, mas não à venda, após Donald Trump ter discutido com assessores a ideia de comprar a maior ilha do mundo como modo de expandir o território norte-americano. "Estamos abertos para negócios, mas não à venda", afirmou a ministra do Exterior Ane Lone Bagger.

A Groenlândia, um território dinamarquês autônomo localizado entre os oceanos Atlântico e Ártico, é uma das áreas habitadas mais frias do mundo. Depende do apoio econômico da Dinamarca, que também cuida de sua defesa e política externa, mas lida com seus próprios assuntos internos.

A ideia de comprar o território foi recebida como piada por alguns conselheiros, mas levada mais a sério por outros. O interesse de Trump foi inicialmente noticiado pelo Wall Street Journal. O ex-presidente Harry Truman já se dispusera a comprar a ilha em 1946 por 100 milhões de dólares.

Trump deve visitar Copenhague em setembro e o Ártico estará em pauta durante reuniões com os primeiros-ministros da Dinamarca e da Groenlândia. Mas não há indicações de que uma compra da Groenlândia esteja na agenda das conversas de Trump.

Políticos dinamarqueses fizeram troça da ideia na sexta-feira. "Tem que ser uma piada de 1º de abril. Totalmente fora de época", disse o ex-primeiro-ministro Lars Lokke Rasmussen em uma rede social."Se ele realmente está contemplando isso, então esta é a prova final que ele enlouqueceu", disse Soren Espersen, porta-voz dos assuntos estrangeiros do Partido Popular Dinamarquês, à emissora DR. "O pensamento da Dinamarca vendendo 50 mil cidadãos para os Estados Unidos é completamente ridículo", completou.

"Tenho certeza de que a maioria na Groenlândia acredita que é melhor ter uma relação com a Dinamarca do que com os Estados Unidos no longo prazo", disse à Reuters Aaja Chemnitz Larsen, parlamentar dinamarquesa do segundo maior partido da Groenlândia, Inuit Ataqatigiit (IA).

"Oh, querido Senhor. Como alguém que ama a Groenlândia, esteve lá nove vezes e ama o povo, esta é uma catástrofe total e completa", disse o ex-embaixador dos EUA na Dinamarca, Rufus Gifford.A Groenlândia está recebendo atenção de superpotências globais, incluindo China, Rússia e Estados Unidos, devido à sua localização estratégica e seus recursos minerais.

Em maio, o secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, disse que a Rússia estava se comportando de forma agressiva no Ártico e que as ações da China também deveriam ser vigiadas de perto.Um tratado de defesa entre a Dinamarca e os Estados Unidos de 1951 atribui os direitos militares dos EUA sobre a Base Aérea de Thule, no norte da Groenlândia.

Trump pressionou seus principais assessores para investigarem se o governo dos EUA poderia comprar a gigantesca ilha coberta de gelo da Groenlândia, disseram duas fontes com conhecimento da situação.O pedido presidencial deixou os assessores desconcertados, e alguns deles continuavam acreditando que não era sério, mas Trump o mencionou durante semanas. As duas pessoas com conhecimento da ordem de Trump falaram sob a condição do anonimato porque não estavam autorizadas a revelar os planos da Casa Branca.

Tal como acontece com muitas das divagações do presidente, os assessores estão à espera de mais orientações antes de decidir se devem analisar o assunto seriamente.

Uma das coisas que foram discutidas é, caso isso seja legal, qual seria o processo para adquirir uma ilha que tem seu próprio governo e uma população, e de onde viria o dinheiro para comprar a enorme massa de terra.

De acordo com o "World Factbook" da Agência Central de Inteligência (CIA), a Groenlândia tem 2,2 milhões de quilômetros quadrados, dos quais 1,7 milhão são cobertos de gelo. Possui recursos naturais consideráveis, como carvão e urânio, mas apenas 0,6% da terra é usada para a agricultura. Tem cerca de 58 mil habitantes, o que faz dela um dos menores países do mundo em população.

Normalmente, o Congresso americano deve alocar o dinheiro antes que a Casa Branca possa usá-lo, mas Trump já demonstrou disposição para contornar essas restrições.

Alguns na noite de quinta-feira (15) responderam às notícias com incredulidade; outros, com apoio."Essa ideia não é tão louca quanto parece na manchete", disse em um tuíte o deputado republicano Mike Gallagher, de Wisconsin. "É um movimento geopolítico inteligente. Os Estados Unidos têm um forte interesse estratégico na Groenlândia, e isso deve estar claramente sobre a mesa."

A maioria, no entanto, respondeu com zombaria. O deputado democrata Steve Cohen, do Tennessee, compartilhou uma reportagem sobre a ideia de Trump e refletiu: "Um ótimo lugar para sua 'biblioteca presidencial'". E Jonah Goldberg, membro do Instituto Americano de Empresas, tuitou que o MAGA -sigla do slogan da campanha de Trump, "Make America Great Again"-  é "um anagrama de Make Greenland American Already" [Faça a Groenlânda Americana Já].

Esta não é a primeira vez que os EUA mostram interesse em um território gelado. Em 1867, o país comprou o Alasca da Rússia por US$ 7,2 mi (equivalentes a US$ 100 mi hoje), em um negócio feito pelo então secretário de Estado, William Seward, com o czar Alexandre 2º.

À época considerado loucura, a aquisição se mostraria um dos melhores negócios da história dos EUA. A compra do Alasca adicionou mais de 1,5 milhão de quilômetros quadrados ao território do país. O Alasca é o maior Estado americano.


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