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'Eles choram por McDonald's fechados, e nós choramos por cada ucraniano morto', diz refugiada

A maioria das lojas estava fechada, e aquelas que estavam abertas estavam lotadas.


r7

Publicada em: 18/03/2022 10:34:50 - Atualizado

MUNDO: A ucraniana Olha Hlovatska, 27 anos, em depoimento conta como conseguiu escapar dos ataques russos e fugir da guerra que assola a Ucrânia. Dias antes do início do conflito, a jovem concedeu uma entrevista ao portal em que relata "medo" e afirma que a situação se trata de "jogos políticos".

Olha revela como deixou seu país em meio aos bombardeios e à violência crescente, fala da situação dos refugiados, diz acreditar na vitória da Ucrânia e que voltará a Kiev. Quanto aos russos, desabafa: "Eles choram por McDonald's fechados, e nós choramos por cada ucraniano morto".

Olha Hlovatska:

"Na última vez que conversamos, eu estava na Turquia, fui ao encontro do meu marido, que é de Israel. Ele se recusou a voltar à Ucrânia porque já esperava guerra, então decidimos nos encontrar na Turquia. Isso foi no fim de semana, e voltei para Kiev na segunda-feira — a guerra começou na quinta-feira.

Eu estava no trabalho e segui a minha rotina normalmente: até brinquei com os amigos sobre a 'mala de alarme' (um saco branco com as coisas essenciais para carregar em caso de ter de fugir de casa por causa da guerra). Aí, o presidente russo Vladimir Putin reconheceu a independência dos territórios ocupados nas regiões de Donetsk e Lugansk. Nós esperávamos uma guerra naquele território, mas não em toda a Ucrânia.

Na quinta-feira, às 6h, um colega me ligou e avisou que a guerra havia começado. Eu entrei em pânico, não sabia o que fazer nem para onde ir. Liguei para minha família e para os meus amigos, alguns deles sabiam da guerra e outros não, e eu os avisei. Liguei para meu chefe para perguntar sobre o trabalho. Ele me disse para ficar em casa e que eu não deveria me preocupar porque os russos atacariam apenas os lugares estratégicos. Como me lembro, o primeiro ataque em Kiev foi no aeroporto.

Arrumei meus documentos e decidi comprar comida. A maioria das lojas estava fechada, e aquelas que estavam abertas estavam lotadas. Grandes filas se formaram nos caixas eletrônicos para sacar dinheiro. Comprei comida e decidi dormir no metrô porque é o lugar mais seguro de Kiev. Em todo esse tempo eu fiquei sozinha, porque meus pais moram em outra cidade. Não fui encontrar com eles por causa da guerra, não havia ônibus nem trem. Quando fui para a estação, já havia muita gente no metrô, muitas crianças e animais.

Dois dias depois, uma parente veio a Kiev para buscar o filho e eu esperava ir com ela e ficar com meus pais na cidade de Malyn, mas ela se recusou a me levar. A guerra mostra quem são as pessoas que te cercam.

Na rua conheci uma mulher que tentou sair de Kiev, mas também não tinha onde ficar. Decidimos ficar juntas no metrô e nos apoiar. Comprei mais comida em caso de falta de suprimentos, mas até aquele momento não havia esse problema. O governo acertou a logística para que todos tivessem comida, água e remédio. No metrô, voluntários traziam comida quente, água, frutas e doces para as crianças. Eles também tentavam encontrar insulina para pessoas com diabetes.



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