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porto velho, domingo 2 de fevereiro de 2025
MUNDO: Os chilenos votam neste domingo (4) em um plebiscito para decidir se aprovam ou não a nova Constituição do país. Mais de 15 milhões de chilenos devem ir às urnas; essa é a primeira convocação desde 2012 em que o voto será obrigatório e com multa por não comparecer.
Em 2020, quase 80% dos eleitores do país decidiram que queriam que uma nova Constituição fosse elaborada. Aquela votação ocorreu um ano depois que protestos violentos contra a desigualdade abalaram o país.
Mas o apoio caiu, e as pesquisas mostram que os eleitores estão mais propensos a rejeitar o novo texto.
O acordo político para a redação de uma nova Constituição estabelece que, em caso de rejeição do texto, a atual Carta Magna continuará em vigor. O texto atual foi redigido durante a ditadura de Pinochet (1973-1990), mas reformado dezenas de vezes após o retorno à democracia .
A Constituição proposta, escrita por legisladores predominantemente independentes e progressistas, está facilmente disponível nas ruas, online ou em formato de podcast. Com foco nos direitos sociais e no meio ambiente, é uma mudança acentuada da atual Constituição orientada para o mercado que remonta à era Augusto Pinochet.
Se o texto não for aprovado, a Constituição atual, da época da ditadura de Augusto Pinochet, continuará a viger. No entanto, há um entendimento no Chile que o texto já não é compatível com a sociedade chilena atual.
Caso a nova Constituição seja rejeitada, pode ser que o Congresso convoque uma nova Assembleia Constituinte com um número menor de representantes e que seja incumbida de escrever um texto mais sucinto em um prazo mais curto.
Veja abaixo algumas das mudanças que o novo texto traz:
Metade da Assembleia Constituinte é de mulheres, e no texto da Carta, o Chile é definido como uma democracia paritária. Ou seja, os cargos dos órgãos de governo devem ter metade de mulheres, e o Estado deverá agir para garantir a igualdade de gênero.
A Constituição também define o país como um Estado plurinacional e intercultural. São reconhecidos 11 povos e nações (como Mapuche, Quechua, Aymara e outros). As regiões dessas nações indígenas terão autonomia administrativa e também terão sistemas jurídicos próprios, que serão característicos de cada nação (há ressalvas: essa Justiça das nações indígenas precisará respeitar a própria Constituição e também os tratados internacionais). A Suprema Corte do Chile vai tomar decisões relativas a esses sistemas de justiça das nações indígenas.