Fundado em 11/10/2001
porto velho, segunda-feira 25 de novembro de 2024
PORTO VELHO: Eleito como o salvador da pátria, o homem que iria mudar a realidade de Porto Velho, o auto-intitulado identificador de marginal no primeiro olhar, o prefeito de Porto Velho não tem conseguido mostrar para que foi eleito no pleito de 2016. Prestes a completar 500 dias de gestão, o que se ouve da população é reclamação geral de todos os setores da administração, em especial para saúde, educação e transporte.
Nestes 17 meses de mandato, o prefeito Hildon viu a sua popularidade despencar do patamar de esperança e expectativa, ao nivelamento por baixo com relação aos últimos administradores da capital. Já tem gente na rua sentindo falta do Mauro Nazif e, pasmem, até do petista Sobrinho, que deixou a prefeitura preso por acusação de corrupção.
Até o momento, na atual administração municipal não há denúncia de corrupção, exceto aquela envolvendo o vice-prefeito Edgar “do Boi” Tonial, acusado de pedir propina para facilitar a vida de um grupo de frigoríficos citado na Operação Lava Jato da Polícia Federal (que teria sido antes do início do mandado). A reclamação é veemente, mas só de incompetência administrativa.
A população doente tem lotado os postos de saúde e as Unidades de Pronto Atendimento (UPA), mas não encontra atendimento. Na educação a gritaria é geral. Desde os professores por melhorias salariais até pais e alunos, que estão já no meio do ano, ainda estão sem aula no interior, por falta de transporte escolar. O sistema de transporte é precário por falta de uma licitação que dê segurança jurídica para que a empresa possa fazer investimentos. Por falta de uma manutenção preventiva, pois, sim, aqui chove muito todos os anos, os buracos tomaram conta da cidade, destruindo carros, motos e causando acidentes dos mais variados.
A prefeitura está abarrotada de cargos comissionados, muitas vezes inúteis, que fazem com que a folha de pagamento dos servidores tome conta de mais de 50% do orçamento do município. O prefeito está perdido num emaranhado de situações, tentando se desvencilhar de amarras políticas que o sufocam e travam a administração.
Já tem gente na rua sentindo falta do Mauro Nazif e, pasmem, até do petista Sobrinho
Recursos Humanos
O setor que mais funciona na administração municipal é o de Recursos Humanos. Neste prazo já foram 16 trocas de secretários, além dos entra-e-sai nos outros escalões, cujas contratações e demissões estampam o concorrido diário oficial.Isso sem falar na confusão arrumada pelo chefe do executivo, que de pronto retirou o quinquênio dos servidores e teve que voltar atrás depois de uma decisão judicial favorável aos servidores, além da novela do tira e põe na folha de pagamento as gratificações por função, delegadas por prefeitos anteriores e que o prefeito Hildon questionou na justiça e está em fase de ganho de causa por conta da administração.
Com o fim do período chuvoso, tido como principal desculpa para encobrir o fracasso da administração no que diz respeito à infraestrutura do município, o prefeito precisa aproveitar para limpar o lamaçal administrativo em que se transformou os seus primeiros 500 dias de governo e começar a mostrar para que serve uma administração municipal.
A diferença do Público e do Privado
Tido como modelo de sucesso na administração particular dos seus bens e negócios privados, no setor público Hildon mostra que ainda lhe falta muito traquejo. Enquanto no início do mandato saía às ruas e era seguido por populares que queriam fotos e vídeos como prova de confiança e expectativa, hoje a população pouco vê o alcaide municipal. Trancado em seu gabinete administrando problemas ou nas suas incontáveis viagens, com medo de vaias ou não, a verdade é que o prefeito sumiu, pois certamente será cobrado pelos mesmos que pediram fotos e vídeos, das promessas até aqui não cumpridas.
Nas redes sociais que tinha eleito como palanque de transformação, comunicação e transparência, o prefeito é pouco visto. Quando aparece nas suas famosas “lives”, o chefe do executivo municipal já não está mais com aquele sorriso da campanha ou do início do mandato, mas sim com a carranca fechada de preocupação e quiçá de vergonha, por não estar conseguindo cumprir o que prometeu.
Levantamento de um grupo de comunicação local aponta que a Administração municipal não conseguiu cumprir ainda nem um terço do que prometeu em campanha.
Transporte escolar
Focado na terceirização da saúde, anunciando a privatização como a grande solução para o setor, esquece o Joãozinho, a Maria e o Pedrinho, a Ana, o Luiz e tantas outras crianças do interior que estão sem aula por incompetência da administração de contratar o transporte escolar, cujos recursos são repassados pelo governo federal. É só contratar e pagar, mas não tem conseguido fazer este esforço, levando pais e mães a atitudes extremas de se obrigar a fechar uma rodovia federal, para que suas vozes sejam ouvidas.
Ao chegar na metade do segundo ano, já está mais do que na hora do prefeito mostrar para o que foi eleito. Se arrependido de ter assumido um compromisso que pode não dar conta, não se faça de rogado e deixe o Paço Municipal para quem verdadeiramente quer cuidar da nossa capital. Não faça com que seis centenas de milhares de moradores sofra por puro capricho.
Em tempo
Acredito que ainda dá tempo. Se forem deixadas de lado as picuinhas políticas e pessoais acredito que ainda poderemos ter uma Porto Velho um pouco melhor para todos os portovelhenses.
Acredite, prefeito, o senhor é capaz. O povo lhe creditou essa confiança, já está um tanto decepcionado, mas ainda acredita na sua cidade transformadora. Saia da sua casa, do seu gabinete, do seu avião, da sua fazenda ou sítio. Encare o povo, mostre que o senhor tem vontade e que o que aconteceu até aqui foi só uma base no fundo do poço de onde agora a única alternativa que se tem é sair.