Defesa de Bolsonaro deve negar plano golpista em resposta ao STF; prazo encerra nesta quinta
Maioria dos denunciados têm até o fim do dia para se manifestar; Braga Netto e ex-comandante da Marinha têm até sexta (7)...
Gabriela Coelho, do R7
Publicada em: 06/03/2025 09:18:02 - Atualizado
BRASIL: A defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro tem até esta quinta-feira (6) para responder às acusações da PGR (Procuradoria-Geral da República) de envolvimento em um suposto plano de golpe de Estado após as eleições de 2022. O R7 apurou que os advogados devem alegar ao STF (Supremo Tribunal Federal) que o ex-presidente jamais concordou com qualquer trama contra a ordem democrática e que o alegado golpe nunca foi consumado.
Além disso, um argumento que a defesa pode usar é de que, se quisesse dar um golpe, Bolsonaro poderia ter trocado os comandantes das Forças Armadas para obter apoio dos militares, visto que os líderes da Aeronáutica e do Exército teriam se colocado contra o suposto plano.
O prazo para entrega da defesa da maioria dos denunciados termina nesta quinta, exceto no caso do general Walter Braga Netto e do almirante Almir Garnier, que têm até sexta-feira (7) para se manifestarem sobre a denúncia. Com o recebimento das respostas, Moraes pode marcar o julgamento para analisar a denúncia na Primeira Turma.
Quais crimes são atribuídos a Bolsonaro e a seus aliados
Tentativa de abolição violenta do estado democrático de direito (pena de 4 a 8 anos);
Golpe de estado (pena de 4 a 12 anos);
Organização criminosa armada (pena de 3 a 8 anos que pode ser aumentada para 17 anos com agravantes citados na denúncia);
Dano qualificado pela violência e grave ameaça, contra o patrimônio da União, e com considerável prejuízo para a vítima (pena de 6 meses a 3 anos);
Deterioração de patrimônio tombado (pena de 1 a 3 anos).
Próximos passos
Caso a denúncia seja aceita pelo STF, os alvos se tornam réus e passam a responder penalmente pelas ações na corte.
Então, os processos seguem para a fase de instrução, composta por diversos procedimentos para investigar tudo o que aconteceu e a participação de cada um dos envolvidos no caso. Depoimentos, dados e interrogatórios serão coletados neste momento.
Depois, o ministro responsável pelo caso produz um relatório. Na sequência, a Primeira Turma julga se condena as pessoas envolvidas no processo.
Quem foi indiciado
Ao todo, 34 pessoas foram denunciadas, acusadas de estimular e realizar atos contra os Três Poderes e contra o Estado Democrático de Direito.
Segundo a PGR, as peças acusatórias baseiam-se em manuscritos, arquivos digitais, planilhas e trocas de mensagens que revelam o “esquema de ruptura da ordem democrática”. Os documentos do órgão descrevem “a trama conspiratória armada e executada contra as instituições democráticas”.
Veja a lista de denunciados:
Ailton Gonçalves Moraes Barros - ex-major do Exército e advogado
Alexandre Rodrigues Ramagem - deputado federal e ex-diretor-geral da Abin (Agência Brasileira de Inteligência)
Almir Garnier Santos - ex-comandante da Marinha de abril de 2021 a dezembro de 2022
Anderson Gustavo Torres - ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança Pública do DF
Ângelo Martins Denicoli - major da reserva do Exército
Augusto Heleno Ribeiro Pereira - ex-ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional
Bernardo Romão Correa Netto - coronel do Exército
Carlos Cesar Moretzsohn Rocha - engenheiro especialista em segurança da informação
Cleverson Ney Magalhães - coronel do Exército e ex-oficial do Comando de Operações Terrestres
Estevam Cals Theophilo Gaspar De Oliveira - General de Brigada do Exército
Fabrício Moreira De Bastos - ex-comandante do 52º Batalhão de Infantaria de Selva em Marabá (PA)
Filipe Garcia Martins Pereira - ex-assessor especial para assuntos internacionais da Presidência da República
Fernando De Sousa Oliveira - ex-número 2 da Secretaria de Segurança Pública do DF
Giancarlo Gomes Rodrigues - subtenente do Exército
Guilherme Marques De Almeida - tenente-coronel de Infantaria
Hélio Ferreira Lima - tenente-coronel
Jair Messias Bolsonaro - ex-presidente da República
Marcelo Araújo Bormevet - agente da Polícia Federal
Marcelo Costa Câmara - coronel do Exército
Márcio Nunes De Resende Júnior - coronel do Exército
Mário Fernandes - general da reserva
Marília Ferreira De Alencar - ex-subsecretária da SSP-DF
Mauro César Barbosa Cid - tenente-coronel do Exército e ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro
Nilton Diniz Rodrigues - general do Exército
Paulo Renato De Oliveira Figueiredo Filho - neto de João Figueiredo, o último general presidente na ditadura militar
Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira - general do Exército e ex-ministro da Defesa
Rafael Martins de Oliveira - tenente-coronel
Reginaldo Vieira de Abreu - coronel
Rodrigo Bezerra de Azevedo - tenente-coronel
Ronald Ferreira de Araújo Júnior - tenente-coronel
Sérgio Ricardo Cavaliere de Medeiros - tenente-coronel
Silvinei Vasques - ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal
Walter Souza Braga Netto - general da reserva e ex-ministro da Defesa. Também foi candidato a vice-presidente em 2022