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porto velho, quarta-feira 30 de julho de 2025
Em meio à crescente tensão comercial causada pelas promessas do ex-presidente americano Donald Trump de impor tarifas de até 50% sobre produtos importados, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu seguir um caminho distinto do adotado por outras lideranças globais: em vez de buscar diálogo, optou por críticas públicas diretas.
Durante um discurso recente, Lula classificou a política econômica de Trump como "nociva ao comércio global" e acusou o republicano de adotar medidas "isolacionistas que penalizam países em desenvolvimento". A fala ocorre no momento em que Trump, favorito nas prévias do Partido Republicano, volta a subir o tom contra a globalização e ameaça impor barreiras comerciais até mesmo a países aliados.
A postura do presidente brasileiro contrasta com a de líderes de grandes potências, como os da União Europeia, Japão, Canadá e até mesmo da China, que, embora preocupados com as medidas protecionistas anunciadas por Trump, têm preferido agir nos bastidores e manter canais abertos de negociação, com o objetivo de minimizar danos e proteger setores estratégicos.
Especialistas avaliam que, ao confrontar diretamente Trump, Lula pode estar colocando em risco interesses comerciais importantes do Brasil, especialmente no agronegócio e na indústria. Os Estados Unidos são o segundo maior parceiro comercial do país, e uma política de retaliação tarifária americana pode afetar exportações brasileiras de aço, carne bovina, celulose, entre outros produtos, reduzindo a competitividade nacional e ameaçando empregos em diversos setores.
“Enquanto o mundo tenta conter o impacto de uma possível nova guerra comercial com diplomacia e negociação, o Brasil está caminhando na contramão. Lula isolou o país em um debate no qual deveria estar tentando preservar seus interesses, não politizá-los”, avalia um analista de relações internacionais ouvido pela reportagem.
A fala de Lula também repercutiu mal entre setores empresariais. Representantes da indústria e do agronegócio demonstraram preocupação com o tom adotado pelo presidente, temendo represálias futuras. “Não se trata de apoiar Trump, mas de entender que a relação comercial com os Estados Unidos é estratégica. A crítica pública, nesse momento, é um erro tático”, afirmou um dirigente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), sob condição de anonimato.