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porto velho, sexta-feira 29 de novembro de 2024
BRASIL - Para comemorar os 100 primeiros dias de seu governo, o presidente Jair Bolsonaro mandou organizar uma cerimônia no Palácio do Planalto na manhã desta quinta-feira (11) com direito a comunicados especiais para a data.
Em seu discurso, o presidente anunciou o 13º salário para os cerca de 14 milhões de beneficiários do Bolsa Família, uma promessa de campanha.
O presidente também lançou um sistema chamado "Mais Brasil", que permitirá o acompanhamento de transferência de recursos da União.
Todos os seus 22 ministros foram convocados para a cerimônia. Foram assinados 18 projetos e decretos relacionados às 35 metas, todas consideradas cumpridas pelo governo.
100 dias
O 100º dia de governo, na verdade, foi completado nessa quarta (10). O período é considerado por analistas e políticos como um tempo de adaptação, mas também de "namoro" com o Congresso.
Não foi, contudo, o que o presidente viveu. De crise em crise, algumas geradas por ele próprio, Bolsonaro chega à comemoração dos seus primeiros 100 dias como presidente da República com a Reforma da Previdência, sua menina dos olhos de ouro, ainda em fase inicial de tramitação na Câmara dos Deputados.
O grande fiador da proposta de emenda à Constituição (PEC) da reforma, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), deixou de lado a articulação política pela aprovação do texto devido ao desgaste de que vinha se ressentindo.
Sem saída, o presidente se viu obrigado a chamar os partidos para rodadas de conversa, o que vinha se negando a fazer, alegando que não daria espaço à "velha política". Contudo, nem assim conseguiu da maioria deles uma garantia de que fecharão questão pela aprovação da reforma da Previdência.
A articulação política é alvo constante de críticas - e até chacotas - nos corredores do Congresso. Parlamentares reclamam não apenas de não terem demandas atendidas, mas de não serem atendidos por telefone, respondidos por mensagens, ou de levarem "chá de cadeira" em reuniões.
Recuos
Nesses quase quatro meses, além da "falta de traquejo" com o Legislativo, o presidente Jair Bolsonaro também colecionou recuos e polêmicas.
Por exemplo, quando mandou que se comemorasse nos quartéis o golpe de 64. A repercussão negativa tamanha o levou, dias depois, a dizer que não quis dizer "comemorar", mas sim "rememorar".
Um outro caso diz respeito a uma fala do presidente à emissora americana Fox News, quando ele esteve nos Estados Unidos, em março. Bolsonaro disse que "a maioria dos imigrantes não têm boas intenções". Em seguida, questionado por jornalistas, disse ter cometido um "equívoco" e pediu desculpas.
A transferência da embaixada brasileira de Israel para Jerusalém também é um assunto em suspenso. Na campanha, ele garantiu a mudança, mas após eleito, diz não haver uma decisão definitiva a respeito.
Redes sociais
Grandes responsáveis pela eleição de Jair Bolsonaro, as redes sociais têm se mantido ativa na vida do presidente nesses 100 primeiros dias. E geraram incômodos em aliados e interlocutores próximos no governo. Não apenas posts do próprio, mas também de seus filhos.
O núcleo Bolsonaro acostumou-se a dar opiniões por meio de seus perfis. E conquistou milhares de seguidores assim.
E foi assim que o presidente gerou uma grande polêmica ao postar um vídeo pornográfico no Carnaval para criticar a festa popular. A imagem ganhou o mundo e gerou críticas da mídia internacional e desconforto de aliados.
O mesmo ocorreu com indiretas de seu filho Carlos Bolsonaro ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), um dos motivos para a saída dele da articulação política pela reforma da Previdência.
Após o incidente, que ainda seguiu com trocas de farpas entre o próprio Bolsonaro e Maia por meio da imprensa por alguns dias, o presidente levantou a bandeira branca. Pessoas próximas, contudo, admitem que não há, no governo, ninguém capaz de "domar" os ânimos de Jair Bolsonaro, o capitão reformado do Exército de 64 anos que chegou ao Palácio do Planalto após 27 anos como deputado federal.