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porto velho, domingo 24 de novembro de 2024
O presidente americano Donald Trump liberou nesta sexta-feira (2) a divulgação de um documento elaborados por republicanos que acusa o FBI e o Departamento de Justiça de atuar com parcialidade contra Trump nos estágios iniciais da investigação no "caso Rússia".
O memorando acusa autoridades federais de abusar de sua autoridade quando pediram permissão para investigar um ex-assessor de política externa na campanha de Trump, Carter Page.
De acordo com o documento, uma autoridade do FBI disse a congressistas que um dossiê sobre Trump elaborado por Christopher Steele, ex-espião britânico que alegou conluio entre a Rússia e a campanha do presidente, foi usado como "parte essencial" da vigilância sobre Page.
O dossiê de Steele foi financiado em parte pelo Comitê Nacional Democrata e pela campanha presidencial de Hillary Clinton, que concorreu contra Trump nas últimas eleições. As informações contidas nele não foram confirmadas.
O memorando divulgado nesta sexta acrescenta que, em setembro de 2016, Steele disse a uma autoridade do Departamento de Justiça que estava "desesperado para que Donald Trump não fosse eleito".
Ainda segundo o documento, o vice-diretor do FBI, Andrew McCabe, disse ao Comitê de Inteligência que um alerta de vigilância sobre Page não seria emitido se não fossem as informações daquele dossiê.
Republicanos do Comitê de Inteligência da Câmara dos Deputados aprovaram a divulgação do memorando na última segunda-feira, dando cinco dias a Trump para aprovar sua divulgação ou não. Trump enviou o documento nesta sexta de volta ao Comitê, que então o tornou público.
"O que está acontecendo em nosso país é uma desgraça. Muitas pessoas deveriam sentir vergonha de si mesmas", disse Trump a jornalistas no Salão Oval da Casa Branca.
O principal autor do documento, o republicano Devin Nunes, afirmou na última quarta: "Está claro que autoridades usaram informações não confirmadas em um documento para abastecer uma investigação de contra-Inteligência durante a campanha política americana".
Autoridades do Departamento de Justiça tinham alertado que divulgar o memorando pode colocar informações confidenciais em risco.
A disputa em relação ao documento reflete uma batalha mais ampla a respeito da investigação criminal do procurador especial Robert Mueller sobre um possível conluio entre a campanha de Trump e a Rússia para ajudá-lo a vencer a eleição presidencial de 2016.
A Rússia e Trump negam as alegações. A investigação de Mueller e o inquérito do FBI que o antecedeu eclipsaram o primeiro ano da Presidência de Trump.
Após a divulgação do memorando, o FBI divulgou que "não autorizaram e não vão autorizar políticos partidários a distrair" sua missão.
Em comunicado por e-mail, o presidente da Associação dos Agentes do FBI, Thomas O’Connor, afirmou que os agentes estavam dedicados à nação e à Constituição dos EUA, acrescentando que: "O povo americano deve saber que continuam sendo bem servidos pela principal agência de aplicação da lei do mundo".
Os democratas do Comitê de Inteligência da Câmara classificaram o documento como "um esforço vergonhoso de descreditar" o FBI, o Departamento de Justiça e a investigação federal sobre os supostos laços com a Rússia. Também afirmam que devem divulgar seu memorando, respondendo às alegações dos republicanos, no dia 5 de fevereiro.
"A divulgação seletiva e a politização de informações secretas estabelecem um precedente terrível e causarão danos de longo prazo ao Comitê de Inteligência e às nossas agências de aplicação da lei", afirmam em comunicado.