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    porto velho, sexta-feira 27 de junho de 2025

Isolado, Bolsonaro tem agenda esvaziada no G20 e é ironizado pela imprensa italiana

A política ambiental de Bolsonaro colaborou muito para o isolamento dele em foros internacionais como o G20


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Publicada em: 31/10/2021 11:26:05 - Atualizado

O presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, é um dos únicos líderes do G20 (grupo das 20 maiores economias do mundo) que não tem reuniões previstas com outros mandatários, à exceção do presidente italiano Sergio Mattarella, anfitrião do evento que, pelo protocolo, se encontra com todos os líderes presentes em Roma.

Segundo o Itamaraty, a agenda do presidente brasileiro seria atualizada ao longo da visita à Itália, e reuniões estavam sendo negociadas com outros países, mas nada foi fechado até o momento. O encontro do G20 ocorre neste fim de semana (30 e 31/10), e em seguida muitos deles seguem para a Cúpula do Clima em Glasgow, na Escócia (COP26).

    Sob forte pressão internacional por causa do aumento do desmatamento e das queimadas na Amazônia, Bolsonaro decidiu não ir à COP26, o que gerou críticas de outros países e de organizações ambientais. Segundo o vice-presidente da República, Hamilton Mourão, o mandatário brasileiro evitará a reunião do clima porque iriam jogar "pedras" nele.

    A política ambiental de Bolsonaro colaborou muito para o isolamento dele em foros internacionais como o G20, e a ausência na COP26 acentua isso.

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    Em geral, reuniões bilaterais entre líderes em eventos como o G20 e a Assembleia Geral das Nações Unidas servem como um dos indicadores da importância do país no cenário global. Historicamente, o Brasil costumava ser requisitado por seu papel de articulador em negociações e debates globais envolvendo países em desenvolvimento.

    Oliver Stuenkel, cientista político e professor de Relações Internacionais na Fundação Getulio Vargas (FGV), afirma que o Brasil está muito isolado, e a reputação de Bolsonaro no exterior já está consolidada, então, suas declarações dificilmente vão mudar a posição de outros governos ou gerar manchetes como antes.

    "Além disso, como a eleição está chegando, ninguém quer apostar ou vê muito valor em restabelecer algum diálogo ou alguma parceria estratégica. E, mesmo com líderes bem conectados, isso costuma acontecer quando falta um ano de mandato."

    Para Stuenkel, "o melhor que o Brasil poderia fazer não seria reverter o estrago, mas simplesmente aparecer pouco,e há uma boa chance de o Brasil sair do G20 não despercebido, mas sem gerar manchetes fora do país".

    O presidente argentino, Alberto Fernández, por exemplo, tem encontro bilateral marcado com o primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau.

      Já o presidente da Indonésia, Joko Widodo, se encontrou em reuniões privadas com o colega francês, Emmanuel Macron, e o primeiro-ministro da Austrália, Scott Morrison. No encontro com o presidente da França, Widodo discutiu investimentos no setor de defesa indonésio e metas para reduzir desmatamento e emissões de gases do efeito estufa, entre outros assuntos.

      Há outros sinais do isolamento do líder brasileiro durante o evento.

      Uma reportagem do jornal italiano La Repubblica ressaltou que a edição da cúpula de líderes do G20 deste ano foi marcada pela volta dos apertos de mãos, praticamente banidos durante a pandemia de covid-19. "Mas nem para todo mundo", ressalva a publicação.

      "(O presidente italiano) Mario Draghi deu a mão a muitos dos primeiros-ministros que chegaram nesta manhã à Nuvola, onde ocorrem os trabalhos destes dois dias. Mas não para o presidente Bolsonaro, que disse que será a última pessoa no Brasil a se vacinar - afinal, ele acredita que as vacinas causam a Aids: algo dito por ele em um vídeo que as redes sociais nos deram a graça de censurar."

      Draghi teve reuniões com diversos líderes mundiais, entre eles Joe Biden (EUA) e Narendra Modi (Índia).


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