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    porto velho, domingo 6 de julho de 2025

Câmara do TCU mantém condenação de Dallagnol no processo da Lava Jato

Recurso do procurador João Vicente Romão, que também havia sido condenado, foi acolhido e, com isso, ele não precisará ressarcir cofres públicos nem pagar multa.


g1

Publicada em: 06/09/2022 14:58:32 - Atualizado


A Segunda Câmara do Tribunal de Contas da União (TCU) decidiu nesta terça-feira (6) manter inalterada a condenação do ex-procurador Deltan Dallagnol a ressarcir os cofres públicos pelo dinheiro gasto pela força-tarefa da Lava Jato em Curitiba (PR) com diárias e passagens.

Já em relação ao procurador João Vicente Romão, também condenado no mesmo processo, os ministros decidiram aceitar o recurso e, com isso, ele não vai mais precisar ressarcir os cofres públicos. Também não vai mais precisar pagar multa individual de R$ 200 mil.

O ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot foi outro condenado no processo e também apresentou recurso, que ainda não foi julgado.

Condenação

No início de agosto, a Segunda Câmara do TCU decidiu condenar Dallagnol, Janot e Romão ao ressarcimento os cofres públicos em R$ 2,8 milhões pelo dinheiro gasto pela força-tarefa da Lava Jato em Curitiba com diárias e passagens. O ressarcimento é solidário, ou seja, dividido entre eles.

TCU condena Janot, Dallagnol e procurador a devolver R$ 2,8 milhões gastos na Lava Jato

Os três ainda foram condenados ao pagamento de multa de R$ 200 mil, cada.

Os ministros concluíram que o modelo de força-tarefa adotado pela Lava Jato foi antieconômico, ou seja, causou prejuízo aos cofres públicos ao permitir o pagamento "desproporcional" e "irrestrito" de diárias, passagens e gratificações a procuradores.

Para os ministros, houve, ainda, ofensas ao princípio da impessoalidade, em razão da ausência de critérios técnicos, segundo o TCU, que justificassem a escolha dos procuradores que integrariam a operação, além de o modelo ser benéfico e rentável aos participantes.

Recursos

Dallagnol e Romão apresentaram embargos de declaração à decisão. Embargos de declaração são um tipo de recurso, apresentados quando o recorrente acredita haver obscuridade, omissão ou contradição na decisão. Têm efeito suspensivo, ou seja, suspendem a aplicação das penalidades até uma nova decisão.

Nesta terça, os embargos de Dallagnol foram aceitos parcialmente, apenas para prestar esclarecimentos, sem mudar o mérito da decisão. A Segunda Câmara do TCU informou que não cabe ao tribunal apontar qual seria o melhor modelo de organização e custeio da força-tarefa da Lava Jato.

"Como havia alternativas mais econômicas de organização e custeio das atividades, a irregularidade decorre, em verdade e a rigor, da inobservância do dever legal de motivar os atos praticados segundo os princípios da economicidade, da razoabilidade e da impessoalidade – falha que desencadeou a distorção do modelo de custeio e consequentemente gastos exacerbados com diárias e passagens a procuradores que, na prática, residiam em Curitiba", afirmou o relator do processo, ministro Bruno Dantas, em seu voto.

Já os embargos apresentados por Romão foram acolhidos com efeitos infringentes, ou seja, mudaram o mérito da decisão com relação a ele, afastando a punição. Com isso, ele teve suas contas julgadas regulares com ressalvas e não vai mais precisar pagar multa nem ressarcir os cofres públicos.

Segundo o ministro Bruno Dantas, Romão apenas solicitou a formação da força-tarefa, quando ainda não "estaria consumada a distorção do modelo de organização". Além disso, ele não participou das sucessivas prorrogações da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba.

"Esse aspecto é sobremaneira relevante, visto que, no momento da única atuação do embargante, ainda não estaria consumada a distorção do modelo de organização e custeio por meio de força-tarefa no caso concreto, aspecto que, em si, se mostrou determinante para a consecução do dano ao erário", afirmou Dantas em seu voto.

Janot já entrou com recurso de reconsideração, em que se pede a reavaliação do mérito da decisão, também com efeitos suspensivos. Esse recurso ainda não foi julgado. Dallagnol ainda pode apresentar recurso de reconsideração.


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