Fundado em 11/10/2001
porto velho, domingo 24 de novembro de 2024
BRASIL: Se os podcasts mais populares, os livros mais vendidos e a cultura dos influenciadores servem, de alguma forma, como um indicativo, milhões de pessoas estão obcecadas com a longevidade. Mas tão importante quanto isso é sua expectativa de uma vida saudável, ou o número de anos que você vive com boa saúde, disse Susan B. Roberts, decana associada sênior de pesquisa da Faculdade de Medicina Geisel, em Dartmouth. Ela explicou que a longevidade e a qualidade de vida são determinadas, em parte, pela genética. Mas a maneira como você vive a vida também é importante, incluindo quanto se exercita e dorme, se bebe em excesso ou fuma – e como se alimenta, acrescentou.
É claro que se alimentar para alcançar a longevidade não é uma ciência exata. É irrealista e possivelmente antiético que os pesquisadores peçam às pessoas que sigam religiosamente várias dietas durante décadas e depois verifiquem como foi a vida delas, afirmou Frank Hu, professor de nutrição e epidemiologia da Faculdade de Saúde Pública T.H. Chan, de Harvard. Mas os pesquisadores podem procurar associações entre os hábitos alimentares das pessoas e a saúde delas em longo prazo, completou.
Abaixo, as melhores dicas que temos sobre como se alimentar para ter uma vida longa e saudável.
As pesquisas sugerem que quem consome mais proteína tende a viver mais tempo e a permanecer mais forte e saudável ao longo da vida do que quem ingere uma quantidade menor. Mas de onde você obtém sua proteína é importante. Fontes de origem vegetal, como leguminosas, nozes e grãos integrais, parecem ser especialmente benéficas, enquanto a proteína da carne vermelha e da carne processada tem sido associada a uma vida mais curta, escreveu em um e-mail Lars Fadnes, professor de saúde pública global da Universidade de Bergen, na Noruega.
A proteína é indispensável para manter os ossos e os músculos fortes, o que pode ajudar os idosos a permanecer ativos e evitar quedas e fraturas, disse Denise K. Houston, professora de gerontologia e medicina geriátrica da Faculdade de Medicina da Universidade Wake Forest. Ela e outros especialistas recomendaram que as pessoas com 65 anos ou mais consumam diariamente de 0,99 a 1,18 grama de proteína por quilo de peso corporal. Para um adulto de 68 quilos, isso se traduz em, aproximadamente, de 67 a 81 gramas de proteína. Para que o corpo possa absorvê-la e usá-la melhor, deve-se distribuí-la entre as refeições ao longo do dia, explicou a dra. Houston.
Além da proteína, certifique-se de consumir uma quantidade suficiente de cálcio e vitamina D para ajudar na saúde óssea à medida que você envelhece, ensinou a dra. Roberts. O leite de vaca, assim como o leite vegetal fortificado, o suco de laranja e os cereais, podem ser boas fontes dos dois nutrientes. Também é possível encontrar cálcio no iogurte, no queijo, no tofu, nos feijões e nos vegetais de folhas verdes. Grande parte da sua vitamina D pode vir da exposição ao sol, mas alimentos como peixe, cogumelo e ovo podem fornecer quantidades adicionais. A dra. Houston recomendou obter o cálcio dos alimentos, se possível. Mas, se você estiver com deficiência de algum desses nutrientes, converse com seu médico para verificar se os suplementos são adequados para você.
Frutas, verduras, grãos integrais e outros alimentos vegetais, como oleaginosas e leguminosas, são ricos em polifenóis, compostos antioxidantes e anti-inflamatórios que, segundo alguns estudos, podem ajudar no envelhecimento saudável. O café, por exemplo, é uma excelente fonte de polifenóis. Beber de três a cinco xícaras diariamente tem sido associado a menores riscos de diabetes tipo 2, doenças cardíacas, alguns tipos de câncer, doença de Parkinson, declínio cognitivo e morte precoce, informou o dr. Hu, acrescentando que o chá verde pode ter benefícios semelhantes, embora os estudos sejam menos conclusivos.
Os pesquisadores também associaram outros alimentos ricos em polifenóis, como frutas vermelhas, vegetais de folhas verde-escuras, abacates e azeite de oliva extravirgem, a benefícios para a saúde, incluindo uma vida mais longa e melhor saúde cerebral.
O dr. Hu e seus colegas descobriram que dietas ricas em gorduras insaturadas, encontradas no azeite de oliva e em quase todos os óleos vegetais, em oleaginosas, nas sementes e no abacate, têm sido associadas a uma menor mortalidade. Alternativamente, dietas ricas em gorduras saturadas, encontradas na carne vermelha e na carne processada, parecem ter o efeito oposto.
Peixes gordos como o salmão, o atum, a anchova e a sardinha são ricos em ácidos graxos ômega 3, que estão associados a uma melhor saúde cerebral e uma vida mais longa, disse a dra. Houston.
Os alimentos ultraprocessados – que incluem muitos produtos embalados, como salsicha, nugget de frango, refrigerante e muitos produtos assados – estão cada vez mais associados a maiores riscos de problemas de saúde, como doenças cardíacas, diabetes tipo 2, demência e uma expectativa de vida mais curta. Em um estudo publicado em 2023, pesquisadores descobriram que carnes processadas e bebidas adoçadas com açúcar, como refrigerantes, estavam diretamente associadas a uma morte precoce, por isso é importante limitar esses alimentos para melhorar a expectativa de vida, frisou o dr. Fadnes.
De acordo com o dr. Hu, os alimentos ultraprocessados geralmente são ricos em “carboidratos rápidos”, que são digeridos muito depressa, podendo levar a picos de açúcar no sangue. Ele acrescentou que, com o tempo, esses picos podem aumentar o risco de diabetes tipo 2 e doenças cardiovasculares. Muitos desses alimentos também são comumente ricos em sódio, o que pode contribuir para a pressão arterial alta, explicou a dra. Houston.
Mais do que qualquer alimento, é sua dieta completa que importa, disse o dr. Hu. Ele estudou vários padrões alimentares diferentes – incluindo a dieta mediterrânea, dietas baseadas em plantas e outras que seguem diretrizes federais para uma alimentação saudável – e descobriu que todos estão associados a menores riscos de morte precoce. Essas dietas priorizam uma variedade de alimentos não processados, ou minimamente processados, incluindo muitos vegetais, grãos integrais, nozes e leguminosas, ensinou o médico. Além disso, há muita flexibilidade em como comer para envelhecer de forma saudável. “Não há uma fórmula mágica que sirva para todo mundo”, acrescentou.
O próprio dr. Hu, por exemplo, segue há muito tempo o que chama de dieta tradicional asiática, consumindo regularmente tofu, algas e chá verde. Mas, como reconhece todos os benefícios da dieta mediterrânea, também usa azeite de oliva extravirgem. Além disso, também aprecia seu café.