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    porto velho, domingo 24 de novembro de 2024

OMS vai revisar informações sobre segurança da vacina contra dengue

Governo das Filipinas suspendeu programa de vacinação na semana passada


R7

Publicada em: 05/12/2017 11:10:46 - Atualizado

A OMS (Organização Mundial de Saúde) afirmou na segunda-feira (4) que espera revisar informações sobre segurança da vacina da Sanofi contra dengue neste mês, enquanto as Filipinas ordenaram uma investigação sobre o seu agora suspenso programa de imunização, depois que a fabricante farmacêutica francesa afirmou que o medicamento poderia piorar a doença em alguns casos.

Os temores sobre segurança envolvem um possível risco maior para pessoas que não foram previamente expostas ao vírus da dengue antes de tomar a vacina. A Sanofi tentou acalmar as preocupações, dizendo num comunicado que “a maioria dos vacinados até agora moram em áreas altamente endêmicas, e, assim, eles terão adquirido uma infecção de dengue anterior à vacinação”.

A Dengvaxia, a primeira vacina aprovada contra a dengue, poderia, segundo estimativas, vir a resultar em quase R$ 3,2 bilhão (U$ 1 bilhão) em vendas anuais, uma quantia que agora parece inalcançável por conta do tema da segurança e da evidência médica revelando proteção desigual contra diferentes tipos de dengue.

A vacina já foi aprovada em 19 países e lançada em 11, segundo a Sanofi. A maioria das vendas se deu nas Filipinas, via um programa de imunização do governo envolvendo mais de 730 mil crianças, e no Brasil, com um programa do Estado do Paraná, região onde o número de casos de dengue aumentou três vezes nos últimos anos.

A dengue é uma doença transmitida por mosquito que mata cerca de 20 mil pessoas por ano e atinge centenas de milhões.

A OMS, que publicou um relatório sobre a segurança da vacina em 2016, recomendou que ela fosse somente usada em pessoas que tivessem contraído a dengue anteriormente.

O Brasil confirmou que já recomendou restringir o uso da vacina para os que foram previamente infectados, mas não a suspendeu inteiramente.

Por email, a Anvisa disse que não recebeu nenhum informe sobre pessoa vacinada que morreu ou tenha ficado mais gravemente doente por causa do medicamento. A agência não sabia quantas pessoas receberam a vacina no País desde a aprovação em 2015.

A Sanofi, cujas ações subiram 0,4% em Paris na segunda-feira, falou sobre as “novas descobertas” a respeito dos riscos maiores em uma coletiva de imprensa em Manila, capital das Filipinas. A empresa não disse por que não tomou nenhuma iniciativa quando a OMS levantou o tema no ano passado.

O Departamento de Saúde das Filipinas suspendeu o uso da Dengvaxia na semana passada depois que a Sanofi disse que ela poderia piorar a doença em algumas pessoas.


“Até onde sabemos, até onde fomos informados, não há relatos de mortes relacionadas com a vacinação contra dengue”, afirmou Ruby Dizon, diretor da Sanofi Pasteur Filipinas.

Uma autoridade de saúde filipina declarou que as mortes de três crianças que receberam a Dengxavia, relatadas por uma ONG (Organização Não-Governamental), não estavam relacionadas com a vacina.

Quase 734 mil crianças a partir dos nove anos nas Filipinas receberam uma dose da vacina como parte do programa de R$ 188,8 milhão (U$ 69,54 milhões).

A Sanofi afirmou que não viu nenhuma evidência de uma maior incidência de dengue mais grave nos programas de vacinação. A fabricante disse que avaliações de longo prazo do medicamento mostraram um número bem menor de hospitalizações devido à dengue em pessoas vacinadas com mais de 9 anos de idade, quando comparado com o das que não receberam a vacina.

A Sanofi passou 20 anos desenvolvendo a primeira vacina contra dengue a um custo de cerca de R$ 5,6 bilhão (U$ 1,78 bilhão).

Além de Brasil e Filipinas, a vacina está sendo usada em Cingapura, México, Indonésia, Tailândia, Paraguai, Peru, Costa Rica, El Salvador e Guatemala. Ela foi aprovada, mas não ainda lançada em Honduras, Malásia, Austrália, Argentina, Venezuela, Bolívia, Bangladesh e Camboja.

OMS apoia suspensão da vacina

Em comunicado, a OMS (Organização Mundial da Saúde) apoiou a decisão do Departamento de Saúde das Filipinas de suspender a vacinação usando a vacina de prevenção à dengue Dengvaxia, fabricada pela Sanofi.

"Como muitos outros nas Filipinas, a OMS está aguardando a análise especializada de novos dados e conselhos sobre suas implicações para o uso da vacina. Enquanto isso, a OMS apoia a decisão do DOH (Departamento de Saúde das Filipinas) de suspender o programa de vacinação em andamento até que mais informações estejam disponíveis. Isso é apropriado nas circunstâncias", afirmou.


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