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porto velho, quarta-feira 27 de novembro de 2024
O Brasil chegou, neste domingo (5), à marca dos 11 000 casos confirmados de Covid-19. Nas últimas 24 horas, foram registrados 852 novos doentes – a menor taxa desde o dia 30 de março – e 54 mortes, contra as 73 computadas no último sábado. Diante da redução nos números de casos e óbitos diários por conta do coronavírus, a tentação é de se creditar a boa notícia à efetividade das medidas de contenção adotadas pelos estados – em São Paulo, por exemplo, a quarentena está em vigor desde o dia 24 de março e na próxima terça, 7, deve ser estendida até o dia 23 de abril, conforme antecipou o site de VEJA. Especialistas ouvidos por VEJA, entretanto, alertam: é cedo para comemorar.
“Precisamos ter em mente que o número de novos casos se refere aos doentes que tiveram o resultado do exame revelado, e não todas as pessoas que chegaram no hospital ou morreram naquele exato dia. Sem testar todo mundo, é muito difícil saber o que os dados realmente significam. Além disso, os testes levam alguns dias para ficarem prontos, e com a grande demanda, estão demorando mais do que o normal”, diz a microbiologista Laura Freitas, da Universidade de São Paulo (USP), que lembra que os dados computados hoje podem dar conta de exames feitos há até duas semanas. “Usar os números do dia-a-dia como parâmetro para dizer que a pandemia está diminuindo ou aumentando gera uma noção falsa”, defende a especialista.
Para o médico Cláudio Lottenberg, presidente do Conselho Deliberativo do Hospital Albert Einstein, a queda só pode ser comemorada se for mantida por alguns dias. “Em um curto período, pode haver subnotificação. A gente vai começar a ficar mais sereno quando a redução de novos casos e mortos tiver alguma constância”, explica. Ele não descarta, entretanto, que os números sejam reflexo da contenção. “As medidas de isolamento têm efeito imediato na capacidade de transmissão do vírus e afetam a curva exponencial. Mas só teremos como ter certeza em alguns dias. Até lá, se a gente comemorar, as pessoas relaxam e tudo regride”, ressalta.
O exemplo mais evidente da impossibilidade de se comemorar alguma vitória com base nos resultados de um único dia é a Itália, onde o coronavírus já ceifou 15 887 vidas. Em 23 de março, o país anunciou a primeira queda no número de mortos e infectados desde o início do surto: naquele dia, “apenas” 601 pessoas haviam morrido, contra 651 no dia anterior. O número de novos doentes caiu de 3 957 para 3 780. Seis dias depois, o país ganharia as manchetes do mundo inteiro com o terrível recorde de 969 mortos em 24 horas – número que só seria superado pelos Estados Unidos na última sexta-feira, quando foram reportados 1 169 óbitos.
“Não parece que estamos seguindo o caminho da Itália, mas nossa subida está muito mais rápida do que a da China, por exemplo. Embora não estejamos no pior cenário, a situação do Brasil não está sob controle”, ressalta o infectologista Leonardo Weissman, da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI). Portanto, é muito cedo ainda para relaxar as precauções. Fique em casa.