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porto velho, quinta-feira 28 de novembro de 2024
Cientistas em Hong Kong anunciaram, nesta segunda-feira (24), a confirmação do primeiro caso no mundo de reinfecção pelo novo coronavírus (Sars-CoV-2). A pesquisa com o resultado foi aceita para publicação no "Clinical Infectious Diseases", da editora da Universidade de Oxford, no Reino Unido.
"Um paciente aparentemente saudável e jovem teve um segundo caso de infecção pela Covid-19 diagnosticado 4 meses e meio depois do primeiro episódio", declararam os cientistas, da Universidade de Hong Kong, em um comunicado.
Os pesquisadores testaram o código genético do vírus e descobriram que o vírus da segunda infecção pertencia a uma linhagem diferente da primeira. Ao ser contaminado pela primeira vez, o paciente, um homem de 33 anos, teve apenas sintomas leves; na segunda vez, nenhum sintoma.
"Nossos resultados provam que a segunda infecção é causada por um novo vírus, que ele adquiriu recentemente, em vez de uma disseminação viral prolongada", afirmou Kelvin Kai-Wang To, microbiologista clínico da Universidade de Hong Kong.
Segundo os cientistas de Hong Kong, a segunda "versão" do vírus é mais próxima à que circulou na Europa entre julho e agosto (o paciente havia voltado de uma viagem à Espanha). Já o primeiro vírus era semelhante aos que circularam em março e abril.
A pesquisadora Ester Sabino, da Faculdade de Medicina da USP, que fez parte da equipe que sequenciou o genoma do coronavírus no Brasil, confirmou ao G1 que, conforme a árvore filogenética dos vírus, eles são diferentes (uma árvore filogenética detalha as relações entre várias espécies e as mutações que elas sofreram).
"Claramente, a origem da primeira amostra é diferente da segunda. Portanto, é uma reinfecção, e não um vírus que estava cronicamente na pessoa e sofreu mutação no decorrer do tempo", afirma.
Circulação permanente do vírus é 'provável', dizem cientistas
Para Sabino, a principal consequência da descoberta é que, com a reinfecção possível, a transmissão da doença se mantém, porque mesmo pessoas que já tiveram a doença podem se infectar de novo.
"Isso tem consequência, porque você mantém o vírus circulando por muito tempo. Endemia é isso. É um problema", avalia Sabino.
Isso é apontado pelos cientistas no estudo. "A confirmação da reinfecção tem várias implicações importantes", dizem.
"Em primeiro lugar, é improvável que a imunidade de rebanho possa eliminar o Sars-CoV-2, embora seja possível que as infecções subsequentes possam ser mais leves do que a primeira infecção, como neste paciente", acrescentam.
"A Covid-19 provavelmente vai continuar a circular na população humana, como é o caso de outros coronavírus humanos. A reinfecção é comum para outros coronavírus 'sazonais'", dizem os cientistas no estudo.
"Em alguns casos, a reinfecção ocorre apesar de um nível estático de anticorpos específicos", pontuam.
Em maio, a Organização Mundial de Saúde (OMS) já havia sinalizado a possibilidade de que o coronavírus se tornasse endêmico (ou seja, passasse a ser encontrado regularmente em uma determinada área ou população), como o HIV, sem nunca desaparecer.