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porto velho, sexta-feira 29 de novembro de 2024
BRASIL - No rastro da temporada de chuvas que vem causando estragos pelo Brasil, o acúmulo de água parada contribuiu para a proliferação do mosquito Aedes aegypti, responsável por disseminar o vírus causador da dengue. Os casos da doença dispararam pelo país e só no Distrito Federal houve um aumento de 212% na comparação com as primeiras semanas do ano passado.
Neste cenário, vale ficar atento aos sintomas da dengue que, de início, podem se confundir com os da Covid-19, que também causa febre e mal-estar. A infectologista Ingrid Cotta, da Beneficência Portuguesa de São Paulo, alerta que, apesar da febre, as doenças são diferentes.
“Os principais sintomas da dengue são dor de cabeça, dor atrás dos olhos, dor nos músculos, nas articulações, mal-estar, cansaço, manchas vermelhas na pele e, eventualmente, sangramentos, podendo também haver náuseas e vômitos. Já os sintomas da Covid são mais no trato respiratório superior e inferior, associados ao cansaço, nariz escorrendo e tosse com expectoração que pode ser de cor clara, amarelada ou esverdeada”, destaca.
De acordo com o Ministério da Saúde, o grupo mais vulnerável às complicações causadas pela dengue é composto por mulheres grávidas, crianças e idosos com mais de 60 anos, pessoas com doenças crônicas – como asma brônquica, diabetes mellitus, anemia falciforme e hipertensão – ou que já passaram por infecções prévias causadas por outros sorotipos da dengue.
Nos casos em que a febre, associada a pelo menos outros dois sintomas da dengue, persistir por mais de sete dias, um médico deve ser consultado. Além disso, a infectologista destaca que há os sinais de alarme que indicam um agravamento do quadro e a necessidade imediata de atendimento para evitar o risco de óbito pela doença.
Os sintomas são: dor abdominal intensa e contínua, vômitos persistentes, inchaço no abdômen por acúmulo de líquido, desmaio causado por queda de pressão, sangramento em mucosa, como na boca ou na região anal, por exemplo.
“O paciente também fica letárgico, lentificado ou com irritabilidade, a frequência cardíaca também aumenta e as extremidades ficam frias, como mãos e pés gelados”, destaca a médica.
Se os sintomas forem leves e, após a consulta médica, não houver a necessidade de internação ou acompanhamento, a recomendação é de repouso e atenção redobrada com a hidratação.
“Os adultos podem usar água, suco de fruta, chás, água de coco, exceto álcool. E as crianças devem ser hidratadas pela boca, precocemente e abundantemente, com soro de reidratação oral, que deve ser oferecido com uma frequência sistemática, e completar com os líquidos caseiros, como os sucos e chás”, explica.
Nos casos em que há febre ou dor, a recomendação é de uso dos medicamentos antitérmicos ou analgésicos, como a dipirona ou paracetamol. Para cessar a náusea e os vômitos, o medicamento recomendado pela infectologista é a ondansetrona.
Em casos de suspeita de dengue ou mesmo quando já há o diagnóstico, os medicamentos da classe dos salicilatos devem ser evitados, principalmente o ácido acetilsalicílico, também conhecido como AAS.
“Os salicilatos podem causar sangramentos. Há também os de uso clínico, como o salicilato de sódio, a salicilamida, o diflunisal e o benorilato, que devem ser evitados”, afirma a médica.