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Entenda as diferenças entre os sintomas de tremor essencial e doença de Parkinson

Por compartilharem um sintoma em comum, as doenças podem se confundir nas primeiras manifestações; ambas não têm cura


R7

Publicada em: 23/02/2022 10:56:40 - Atualizado

BRASIL: Tremores pelo corpo são sintomas comuns de duas doenças: o Parkinson e o tremor essencial. Apesar da semelhança na forma como se manifestam, o primeiro é uma doença neurodegenerativa, para a qual não há tratamento capaz de impedir a sua evolução, já o segundo não necessariamente evolui de forma a impactar a qualidade de vida.

Em entrevista ao R7, o neurocirurgião Marcelo Valadares, médico da disciplina de neurocirurgia da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp e do Hospital Albert Einstein, em São Paulo, explica que a principal diferença entre os dois problemas é a forma como surgem.

No caso do Parkinson, a doença ocorre devido a alterações no núcleo de base do cérebro, o que causa a morte de neurônios que produzem a dopamina. Já o tremor essencial é resultado da falta de regulação na área do controle do movimento, mas não tem relação com os neurotransmissores.

“Uma outra diferença importante é que a doença de Parkinson geralmente causa um tremor que é muito chamativo em repouso, ou seja, o paciente está ali quietinho e está tremendo. O tremor essencial geralmente costuma aparecer durante os movimentos e o paciente não costuma tremer as mãos e os pés quando está parado”, explica o médico.

Além disso, o Parkinson afeta principalmente pessoas com mais de 60 anos, já o tremor essencial pode aparecer ainda na adolescência e seguir de forma quase imperceptível até os 40 anos, quando normalmente os sintomas se evidenciam, de acordo com Valadares.

“Em geral, o tremor essencial não costuma piorar, em algumas pessoas aumenta ao longo da vida, mas na maioria delas permanece discreto e estável. Na doença de Parkinson nem sempre os sintomas são iguais para todos os pacientes, e entre os mais conhecidos, além do tremor involuntário, estão rigidez corporal, dores musculares, a lentidão nos movimentos e a perda de expressões faciais”, explica o médico.

Outra diferença entre os problemas é que o tremor essencial afeta igualmente os dois lados do corpo, já com o Parkinson ocorre o contrário, não é comum que alguém diagnosticado com a doença sofra de tremores iguais nas duas mãos ou que os sintomas surjam ao mesmo tempo nos dois lados do corpo, por exemplo.

No caso do Parkinson, a perda de olfato também pode aparecer como um dos sintomas.

O neurocirurgião destaca que em ambos os casos os tremores podem aumentar significativamente em situações de estresse. Mas, quando se trata de pessoas mais jovens, com idade entre 30 e 40 anos, em geral se trata do tremor essencial se evidenciando.

“Às vezes está tudo bem na vida da pessoa, ela não repara [que tem o tremor essencial] e lá pelos 30 anos começa a ficar mais cansada e passa a notar, então o primeiro pensamento é de que é Parkinson, mas não é. Existe o Parkinson em pessoas jovens, mas é muito raro”, afirma.

Tratamento

No caso do tremor essencial, o tratamento é indicado quando a doença impacta a qualidade de vida do paciente. Como nesse quadro os tremores se manifestam apenas quando a pessoa está em movimento, a intensidade pode impedi-la de realizar tarefas básicas, como beber água e escrever.

Mas, como não há cura, o tratamento precisa ser realizado de forma contínua para a manutenção dos benefícios, segundo o neurocirurgião.

“A maior parte dos pacientes usa remédios que bloqueiam os receptores de noradrenalina, que são substâncias que estimulam o movimento dos músculos. Um exemplo é o Propranolol, que é um remédio muito comum, também usado para diminuir a frequência cardíaca”, explica.

Em relação ao Parkinson, o neurocirurgião destaca que o tratamento se baseia em medicamentos que têm como função repor as substâncias similares à dopamina, o que contribui para desacelerar a evolução da doença. Além disso, o trabalho de reabilitação com fisioterapia e fonoterapia também é importante.

“Quando o tratamento com remédios não funciona para um paciente, existem outras formas seguras de controle, como a cirurgia intitulada DBS [do inglês deep brain stimulation]. A estimulação profunda do cérebro consiste na implantação cirúrgica de um dispositivo médico semelhante a um marca-passo cardíaco, que leva ao controle desse tipo de movimento involuntário”, explica Valadares.




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