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    porto velho, quinta-feira 28 de novembro de 2024

Com febre da harmonização facial, mercado de estética deve crescer 12%, aponta pesquisa

Demanda por tratamentos pouco invasivos cresceu na pandemia; setor de medicina estética foi avaliado em US$ 99,1 bi em 2021


R7

Publicada em: 19/06/2022 12:00:30 - Atualizado

BRASIL: Corrigir uma imperfeição, amenizar uma ruga, mudar o formato do nariz, marcar o maxilar, diminuir a papada e reconquistar o contorno da face são sonhos de consumo de muita gente. Todas essas alterações na aparência podem ser feitas de uma vez só na harmonização facial, tratamento cuja demanda não para de crescer, e que fez o mercado da medicina estética dobrar de tamanho em poucos anos.

Trata-se da combinação de procedimentos estéticos não cirúrgicos, em que certas substâncias, como a toxina botulínica e o ácido hialurônico, são injetados sob a pele. O objetivo é dar mais equilíbrio entre o volume, o formato e o ângulo das partes do rosto, melhorando sua simetria e harmonia geral. As técnicas e produtos aplicados são praticamente os mesmos usados para combater os sinais da idade, como rugas, marcas de expressão e flacidez.

A beleza e a harmonia da face estão diretamente relacionadas com a autoestima: essa é a parte do corpo que mais diferencia as pessoas, a responsável por causar a primeira impressão sobre cada um. Isso, além de fatores como o uso mais intensivo das redes sociais e o aumento de participações em videochamadas, ajuda a explicar o sucesso dos procedimentos minimamente invasivos.

"Tivemos um crescimento de 100% nos últimos dez anos", diz José Octavio Gonçalves de Freitas, presidente da regional São Paulo da SBCP (Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica). "Os tratamentos ficaram mais acessíveis, outros profissionais, além dos médicos, começaram a fazer os procedimentos, e a procura aumentou muito", completa.

Em 2021, o mercado global de medicina estética foi avaliado em US$ 99,1 bilhões, segundo o relatório "Aesthetic Medicine Market Size & Growth", elaborado pela empresa americana Grand View Research. No documento, a projeção é de que, de 2022 a 2030, haja uma expansão de 14,5% (taxa de crescimento anual composta) no faturamento do setor.

O mesmo estudo mostra que, no ano passado, o segmento de procedimentos minimamente invasivos teve participação superior a 50% no mercado mundial. Para os próximos cinco anos, a expectativa é de que o mercado global de injetáveis estéticos cresça de 12% a 14% ao ano, informa pesquisa da consultoria McKinsey, de 2021.

Segundo colocado no ranking dos países que mais realizam procedimentos estéticos, somados os cirúrgicos e os não cirúrgicos, o Brasil registrou 1.929.359 intervenções só em 2020, quantia que equivale a 7,9% do mercado global. Os dados são da ISAPS (sigla em inglês da Sociedade Internacional de Cirurgia Estética), que realiza um levantamento anual sobre os tratamentos realizados por cirurgiões plásticos no mundo inteiro.

Em primeiro lugar ficaram os Estados Unidos, que dominam 19% do mercado, com 4.667.931 procedimentos realizados no mesmo ano. Depois, vêm Alemanha, com 1.157.738 intervenções, Japão, com 1.058,198, e Turquia, com 945,477.

Levando em conta apenas os procedimentos cirúrgicos, o Brasil se mantém na segunda posição, com 12,9% de todas as operações estéticas realizadas no mundo. Em 2020, foram feitas 1.306,962 cirurgias plásticas no país, contra 1.485.116 realizadas nos EUA (14,7% do total).

Por outro lado, no ranking dos tratamentos não cirúrgicos, o Brasil ficou no 4º lugar, com 622.396 intervenções (4,3% do mercado), enquanto os EUA registraram 3.182.815 procedimentos (22,1% do total). Japão, com 835.556 procedimentos no ano, e Alemanha, com 731.883, ficam nos segundo e terceiro lugares, com 5,8% e 5,1% de participação no mercado, respectivamente.

Considerando somente os tratamentos com produtos injetáveis, o Brasil sobe para a terceira colocação, com 529.376 procedimentos em 2020. Nos primeiros lugares ficaram os Estados Unidos, que realizaram 2.380.973 intervenções, e a Alemanha, com 695.315.

"Podemos dizer que o Brasil está na vanguarda em estética médica mundial. Aqui, temos características especiais: as maiores referências profissionais, responsáveis, inclusive, por ensinar técnicas de aplicação para o mundo, e pacientes que buscam tecnologia e resultados, e que confiam no nosso compromisso. Isso faz toda a diferença", afirma Camila Cazerta, diretora médica associada da Allergan Aesthetics no Brasil, fabricante do Botox.

Ela afirma que o país é o segundo do mundo em número de dermatologistas e cirurgiões plásticos. "O Brasil é celeiro de conhecimento de alto nível, desde Ivo Pitanguy, um dos precursores da cirurgia plástica, até essa nova geração, por exemplo, com Maurício de Maio, criador da técnica MD Codes, que o tornou mundialmente conhecido", diz.

A executiva também comenta um dado do levantamento feito pela ISAPS: "O último relatório, de 2020, revela que o Brasil é o segundo país mais visitado para turismo médico, o que reforça a competência e reconhecimento internacional dos nossos profissionais".

"Efeito Zoom"

Como a maioria dos setores da economia mundial, a medicina estética também foi afetada no primeiro ano da pandemia da Covid-19. O fechamento de consultório e clínicas, por exemplo, levou a uma redução de 10,9% nos procedimentos cirúrgicos em 2020, segundo a ISAPS. Os tratamentos não cirúrgicos, por outro lado, continuaram a crescer, mas em proporção menor: a alta foi de 5,7%, enquanto em 2019, o aumento havia sido de 7,6%.

Profissionais do mundo todo notaram que o crescimento foi devido, em parte, ao que ficou conhecido como "efeito zoom": com o trabalho remoto, as pessoas passaram mais tempo em frente ao computador ou celular, em videochamadas, e começaram a prestar mais atenção em detalhes do próprio rosto.

O uso mais frequente de redes sociais teria contribuído para esse resultado. Alguns especialistas afirmam que a câmera do celular distorce a imagem, o que pode fazer o nariz parecer maior, por exemplo.


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