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porto velho, quarta-feira 27 de novembro de 2024
BRASIL - As condições para o desenvolvimento da esquizofrenia podem estar associadas à formação do sistema nervoso durante a fase fetal, o que permitiria a detecção precoce de fatores de risco, segundo uma pesquisa liderada por duas cientistas chilenas.
O estudo de Verónica Palma e Magdalena Sanhueza, acadêmicas do Departamento de Biologia da Faculdade de Ciências da Universidade do Chile, foi publicado na revista Frontiers in Cell and Developmental Biology.
Os experimentos foram baseados no uso de células-tronco pluripotentes induzidas (hiPSC, na sigla em inglês) de pacientes com esquizofrenia para reproduzir o que acontece com a comunicação neuronal no cérebro dessas pessoas em um modelo in vitro.
A equipe de pesquisadores explica que, desde os estágios iniciais de formação do sistema nervoso, as redes neurais emergentes de pessoas com esse potencial de desenvolver a doença apresentam comunicação alterada, ou seja, menos coordenada e dinâmica.
Isso aumentaria o risco de a pessoa sofrer de esquizofrenia diante de eventos estressantes.
"A esquizofrenia é uma doença de neurodesenvolvimento, cujas origens remontam à formação do sistema nervoso", disse a dra. Palma.
Ela acrescenta: "Certamente o que acontece com o feto terá consequências para o seu futuro amanhã. Então, apesar de a esquizofrenia ser geralmente conhecida como uma doença que é desencadeada na adolescência, ou mesmo na idade adulta, seria muito interessante e muito importante poder detectá-la mais cedo".
A cientista disse que, ao se ter clareza sobre os mecanismos que operam sobre as diversas células, pode-se estudar mais tarde, por exemplo, quais proteínas que constituem "potenciais biomarcadores", detectadas em amostras de sangue ou urina, estão alteradas.
E ao saber quais são as proteínas, por que estão falhando e quais são suas funções, "podemos então tentar intervir farmacologicamente ou geneticamente", acrescentou a dra. Palma.