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porto velho, quinta-feira 14 de agosto de 2025
O juiz Airton Vieira, que atuou como auxiliar no Supremo Tribunal Federal (STF) no gabinete do ministro Alexandre de Moraes entre 2018 e março de 2025, relatou, em um áudio obtido pelos colunistas Paulo Cappelli e Petrônio Viana, do portal Metrópoles, que sofreu pressões intensas no exercício da função e que isso afetou gravemente sua saúde e sua vida familiar.
“Olha, realmente a coisa está feia, viu? Eu não estou aguentando mais em termos físicos, psicológicos, emocionais. Eu não consigo dormir sossegado, eu não tenho tranquilidade, eu estou perdendo completamente a higidez mental, o pouco que eu ainda tinha, viu? Realmente a coisa está feia”, disse Vieira.
No áudio, Vieira afirma que havia pensado em antecipar seu retorno ao cargo de desembargador no Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) devido ao desgaste.
“Até depois, em questões de audiência de custódia, sabe, ele [Moraes] vem dando palpite. Espera um pouco, né? Olha, eu não sei como vai evoluir isso, honestamente falando, mas eu sei que eu já cheguei ao meu limite, aliás, já ultrapassei o meu limite faz tempo. É que agora eu estou numa situação, né, eu havia pensado já. Já tinha decidido antecipar a minha passagem.”
O magistrado disse ainda que a pressão no gabinete prejudicou sua família, mas que havia resistido a sair para não deixar Moraes em momento de crise.
“Eu falei: bom, agora que a temperatura vai diminuir, etc., etc. Só que voltou a subir de uma forma exponencial e agora eu fico constrangido de antecipar qualquer coisa, porque passaria a impressão de que eu estaria saindo, pulando do barco, justamente no momento, talvez, de maior tempestade. Isso eu acho desagradável e eu não faria, né? Deixando, no caso, o ministro na mão, mas está muito, muito, muito difícil.”
O juiz também lamentou as condições de trabalho:
“Minha família está sendo extremamente prejudicada e toda essa situação, além de tudo, do trabalho. Porque se a situação do trabalho fosse boa, tudo bem, mas essa situação, sabe? Pressão para tudo quanto é lado, cobrança, o que a gente fala não tem crédito, tudo para anteontem.”