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porto velho, sexta-feira 12 de setembro de 2025
BRASIL: O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) denunciou, por homicídio qualificado, Renê da Silva Nogueira Júnior, o assassino confesso do gari Laudemir de Souza Fernandes. A vítima tinha 44 anos e foi assassinada com um tiro enquanto trabalhava.
Além de homicídio qualificado por motivo fútil, perigo comum e recurso que dificultou a defesa da vítima, o MP também denunciou Renê Júnior por porte ilegal de arma de fogo de uso permitido, por ameaça contra a motorista do caminhão de coleta de lixo e por tentativa de fraude processual. Somadas, as penas podem chegar a mais de 30 anos de prisão.
Na peça oferecida à Justiça, a promotoria também pediu a fixação de uma indenização no valor de R$ 150 mil reais para a família da vítima, “não afastando a atuação da esfera civil, que poderá, a depender do caso, fixar indenização maior”.
No texto, o Ministério Publico destacou que o assassino confesso de Laudemir agiu com “notório desprezo pelos trabalhadores”.
“Apenas porque, inconformado com a obstrução do tráfego que ali se formara anteriormente e evidenciando o seu notório desprezo pelos trabalhadores que ali exerciam digna e relevante atividade, impelido, destarte, por inequívoco motivo fútil, o acusado interrompeu a sua trajetória, apoderou-se novamente da arma de fogo que ilegalmente trazia consigo, desocupou o automóvel, e, na sequência, efetuou um disparo de arma de fogo na direção de LAUDEMIR DE SOUZA FERNANDES, colhendo-o na região abdominal e ceifando-lhe a vida”, disse a promotoria na peça entregue à Justiça.
Após esse oferecimento de denúncia, o juiz responsável pelo caso decide se aceita ou não a argumentação do Ministério Público. Se a Justiça receber, Renê Júnior se torna réu e tem início a fase de instrução penal, quando o MP – órgão acusador –, os assistentes de acusação e a defesa apresentam provas que consideram devidas. É também nesse ponto que ocorrem audiências para ouvir o réu e as testemunhas indicadas pelas partes.
Por se tratar de um crime doloso contra a vida, com a finalização dessa etapa, o juiz decide se pronuncia ou não o então réu, que poderá ir a júri popular caso a sentença de pronúncia transite em julgado, ou seja, se a decisão for mantida após todos os recursos.
Renê Junior, de 47 anos, confessou ter matado Laudemir de Souza Fernandes, de 44 anos. O gari foi assassinado com um tiro no abdômen, enquanto trabalhava no bairro Vista Alegre, região Oeste de Belo Horizonte, no dia 11 de agosto de 2025. Ele chegou a ser socorrido e levado para o Hospital Santa Rita, mas não resistiu aos ferimentos e morreu.
O crime ocorreu durante uma briga de trânsito, na rua Modestina de Souza. Conforme a denúncia do MPM, um caminhão de lixo estava parado na rua, durante a coleta de resíduos, quando Renê Junior exigiu que fosse liberado espaço na via para ele passar com o veículo que dirigia, um BYD cinza.
Irritado, ameaçou a motorista do caminhão com uma arma. Os garis tentaram intervir e pediram que ele se acalmasse. Foi nesse momento que Renê saiu do veículo e disparou contra os funcionários, acertando Laudemir. “E aí ele entrou dentro do carro e foi embora. Não prestou socorro, nem olhou para trás, ele seguiu o caminho dele”, relatou ao BHAZ a motorista do caminhão, Eledias Aparecida.
Renê Junior é marido da delegada Ana Paula Balbino, da Polícia Civil de Minas Gerais. De acordo com o perfil no LinkedIn, ele atuava há 27 anos no setor de alimentos e bebidas. O suspeito já ocupou cargos de lideranças em empresas multinacionais.
Em 2024, Ana Paula chegou a publicar elogios à conduta do marido na rede de perfis profissionais. No post, a delegada afirmou que Renê é um homem “justo, empático e amável”. “Gostaria de falar do homem de caráter irrefutável. Um cidadão que se preocupa com as pessoas que estão sobre sua gestão ou não. Justo, empático, amável e adorado pela família e amigos”, escreveu ela. “Cristão e patriota, é exemplo para muita gente quanto ao quesito superação”, destacou no texto.
O suspeito já tinha registros por violência doméstica e morte por atropelamento. Documentos aos quais o BHAZ teve acesso indicam um histórico de denúncias contra ele em São Paulo e no Rio de Janeiro.
O registro mais antigo identificado, até o momento, é de 2003. Na época, o empresário foi acusado de lesão corporal em um episódio na casa onde vivia, na cidade de Belford Roxo (RJ).