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porto velho, domingo 8 de junho de 2025
A Justiça revogou a prisão preventiva de Sandro dos Santos Castilho. Ele é pedreiro e foi preso por tráfico há mais de dois meses em uma blitz. Segundo a família, o pedreiro foi confundido com o criminoso Aleksandro, ligado a traficantes da família Castilho, que atua em São Gonçalo, na Região Metropolitana.
Até as 14h45 desta segunda-feira (14), o alvará de soltura ainda não havia chegado ao Complexo de Bangu, segundo informou André Oliveira, advogado de defesa de Sandro.
A família de Sandro passou vários dias na porta do Presídio de Bangu, na Zona Oeste do Rio, lutando para provar que o parente foi preso injustamente.
"Um sofrimento. Ele não merece, é um trabalhador. A pessoa honesta não merecia estar passando por isso. E isso ninguém vai pagar, é um preço que ninguém vai pagar, que vai marcar a vida dele para sempre", disse Valéria Costa de Oliveira, mulher de Sandro.
Sandro, de 44 anos, foi preso no dia 20 de março. A família conta que o pedreiro estava a caminho de mais um dia de trabalho quando foi parado por policiais do Niterói Presente. Na blitz, os PMs disseram que Sandro tinha um mandado de prisão em aberto e o levaram para a delegacia.
O mandado de prisão era de uma operação feita pela Polícia Civil em fevereiro deste ano, que prendeu integrantes de uma organização criminosa que atuava na região de Boaçu, em São Gonçalo.
O chefe da quadrilha é Wanderson Pinheiro de Castilho, o Branco, que mesmo de dentro da cadeia, dava as ordens na região através de pessoas da família Castilho.
Os parentes de Sandro acreditam que a prisão aconteceu por causa do sobrenome.
"O que mais dói é saber que meu irmão é inocente. A gente não sabe como é que está sendo e vê minha mãe chorando dia e noite pela injustiça que cometeram com meu irmão", disse Cíntia dos Santos Castilho, irmã de Sandro.
Durante esses quase três meses, a família fez manifestações. E se uniu para provar a inocência de Sandro. Os parentes tiveram que fazer uma vaquinha para pagar R$ 8 mil para um advogado defender o pedreiro. Na última sexta-feira (11), a prisão preventiva de Sandro foi revogada pela Justiça.
Na audiência, as testemunhas de acusação não reconheceram o pedreiro como integrante da quadrilha de roubo de cargas. Ele agora vai responder ao processo em liberdade.
"Eu quero simplesmente que tirem o nome dele do sistema para que ele volte a trabalhar, para que ele volte a ser o que ele era antes, para que ande de cabeça erguida sem medo de nada. Que devolva a liberdade definitivamente, e que de alguma forma, o estado pague pelos erros dele", disse Valéria.
A Polícia Civil negou que Sandro tenha sido preso por causa do sobrenome. Segundo a polícia, em um telefone apreendido de um criminoso haveria diálogos envolvendo o nome de Sandro. A polícia diz também que ele teria sido reconhecido por um integrante da quadrilha.
A defesa de Sandro informou que o celular apreendido pertence a Aleksandro dos Santos Policeno e que Sandro Castilho não foi reconhecido por nenhuma testemunha.