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    porto velho, domingo 15 de junho de 2025

Advogada usa emoji de banana para responder colega negra e vira ré por injúria racial

Conversa ocorreu em grupo de WhatsApp; acusada Isabela Bueno de Sousa não quis se pronunciar.


G1

Publicada em: 24/08/2021 14:56:05 - Atualizado


BRASIL - O Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT) tornou ré a advogada Isabela Bueno de Sousa, de 49 anos, por injúria racial. A mulher é acusada de usar imagens (emoji) de banana para responder uma colega de profissão negra em um grupo de WhatsApp.

O caso ocorreu em 11 de janeiro deste ano. Ao G1, a também advogada Thayrane Evangelista, de 31 anos, que moveu a ação, contou que mandou uma "figura aleatória", um GIF, no grupo e foi respondida com imagens de bananas. Sem entender, ela disse que questionou o comentário. Já Isabela, a acusada, escreveu que foi uma "reserva de pensamento" e que pensou "alto" (veja conversa acima). Ela não quis comentar o caso.

O caso foi investigado pela Polícia Civil e, a partir do inquérito, o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) apresentou denúncia contra a advogada, acatada pela Justiça na última quinta-feira (19). No documento, os promotores explicaram a referência racista na ocasião de uso da fruta.

"As bananas são historicamente utilizadas como ofensas raciais uma vez que utilizadas metaforicamente para relacionar pessoas negras aos primatas macacos, reforçando o estereótipo de subalternidade social desse segmento populacional, tratando-se, claramente, de uma ofensa à honra que faz referência à cor e raça da vítima", considerou o MP.

Além disso, o MPDFT destacou que a acusada não respondeu com bananas a outros integrantes do grupo. O valor mínimo de indenização no processo é de R$ 6 mil.

Conversa em grupo de WhatsApp que resultou na denúncia contra advogada do DF por injúria racial — Foto: Arquivo pessoal

O caso

De acordo com a denúncia, Isabela, "agindo com vontade livre e consciente", ofendeu a dignidade e o decoro de Thayrane, "valendo-se de elementos referentes à sua raça e cor".

O processo narra que os advogados debatiam sobre a presidência da Ordem dos Advogados do Brasil no Distrito Federal (OAB-DF), quando Isabela respondeu a vítima com imagens de bananas. O grupo tem 256 membros.

Ao se sentir ofendida, Thayrane respondeu não ter entendido o motivo das bananas dirigidas a ela, e a denunciada respondeu "reserva de pensamento. Pensei alto, sorry [desculpa, em inglês]".



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