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porto velho, sexta-feira 22 de novembro de 2024
BRASIL- Os estudantes Lara Fleury e Hyago Marques, ambos de 14 anos, baleados por um colega dentro do Colégio Goyases, em Goiânia, voltaram à escola nesta terça-feira (31).
As aulas do 8º ano, série que os feridos cursam, recomeçaram nesta manhã. A sala onde foram disparados os tiros foi transformada em um espaço de artes. Os pais que quiserem poderão acompanhar os filhos dentro de sala de aula.
Eles ressaltam que os adolescentes ainda estão assustados, mas felizes por retornar. "É um recomeço. A Lara ainda está meio insegura e com coração apertado de rever os colegas, mas com fé que vai dar tudo certo e feliz por retornar. Ela queria muito voltar à realidade porque esse ambiente para ela sempre foi aconchego, amor e família. Senti que ela queria romper a barreira do sofrimento", afirmou Lia Fleury, mãe de Laura.
O crime aconteceu no fim da manhã do dia 20 de outubro, em uma sala de aula do 8º ano do Colégio Goyases, no Conjunto Riviera, em Goiânia. Os tiros foram disparados por um aluno da classe, de 14 anos, no intervalo entre duas aulas, que pegou a pistola .40 da mãe, que é policial militar. O autor dos disparos foi apreendido e segue em um centro de internação.
Os alunos João Pedro Calembo e João Vitor Gomes, ambos de 13 anos, morreram ainda no colégio. As outras duas estudantes baleadas, Marcela Macedo e Isadora Morais, seguem internadas no Hospital de Urgências de Goiânia. Segundo o boletim médico divulgado às 8h30 desta terça-feira (31), a primeira paciente tem quadro regular, está consciente e respira espontaneamente.
Já Isadora permanece internada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) em estado regular, orientada, consciente, respirando de forma espontânea e com auxílio de oxigênio. Os médicos constataram que Isadora ficou paraplégica após a vértebra ser atingida.
Lara chegou ainda com uma tipoia no braço atingido pelo disparo. A mãe revelou que a filha vai passar por outras cirurgias de reconstituição, mas ainda sem data marcada. O processo de recuperação está dentro do esperado e ela deve começar acompanhamento psicológico com profissionais da escola ainda nesta terça.
Os estudantes foram recebidos na portaria pela direção e pela equipe de psicólogos que acompanham o processo.
Pai do aluno João Pedro Laureano, de 13 anos, que cursa o 8º ano e presenciou o crime, o vendedor Dorivan Laureano revelou que o filho ainda está muito traumatizado, mas fez questão de voltar às aulas.
"Ele ainda está com um pouco de medo, é triste, mas a vida tem que voltar ao normal. Ele ainda está um pouco abalado, não dorme bem, às vezes fica assustado, escuta barulho de tiro e tem até que dormir na minha cama. Mas tem que ter paciência com ele", afirmou.
As aulas das outras séries retornaram na segunda-feira (30). Os pais puderam ficar com os filhos dentro de sala de aula.
Um estudante de oito anos de idade levou um vaso com uma orquídea para a diretora do colégio. "É para a Tia Rose, para agradecer porque voltaram às aulas. Quero ver meus amigos e voltar à rotina de aulas", disse a criança.
A mãe do menor que atirou no colegas prestou depoimento na segunda-feira (30) e, segundo a defesa da policial, explicou aos investigadores que mantinha a arma e a munição guardadas em locais diferentes.
A sargento estava acompanhada do marido, que também é policial militar, e da advogada. Após sair da sala do escrivão, a mãe não atendeu à imprensa. A advogada explicou que a cliente ainda está muito abalada.
"Ela disse que também não tinha conhecimento sobre bullying, assim como os professores. Que ele era um menino carinhoso e isso tudo foi um choque para a família", afirmou Rosângela.
Segundo o delegado Luiz Gonzaga Júnior, responsável pelo caso, o autor dos tiros disse que sofria bullying de um colega e, inspirado em massacres como o de Columbine, nos Estados Unidos, e de Realengo, no Rio de Janeiro, decidiu cometer o crime.
O adolescente foi ouvido pelo Juizado da Infância e Juventude na manhã da sexta-feira (27). Ao lado dos pais, que também prestaram depoimento, ele disse que está arrependido pelo crime, segundo informou a advogada da família.