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"Comecei a gritar que eu não queria morrer", diz vítima em julgamento das mortes da boate Kiss

Ela se emocionou ao contar que desmaiou e acordou após 21 dias, internada em um hospital na capital gaúcha.


uol

Publicada em: 01/12/2021 18:30:45 - Atualizado

A ex-funcionária da boate Kiss Kátia Giane Pacheco (foto) foi a primeira depor nesta quarta (1) no julgamento em Porto Alegre dos 4 réus acusados pelo incêndio na casa noturna. Ela estava na cozinha do estabelecimento quando o fogo começou. Ao todo, 242 pessoas morreram e outras 636 ficaram feridas no incidente.

Kátia Giane disse que, no dia do incêndio, parte da iluminação da boate caiu. Segundo ela, o público falava em “fogo” e “briga”. Nesse momento, a ex-funcionária, que teve 40% do corpo queimado, tentou sair do local. “Foi quando eu senti um jato de espuma entrando na minha garganta e eu comecei a gritar lá dentro que eu não queria morrer”, afirmou.

Ela se emocionou ao contar que desmaiou e acordou após 21 dias, internada em um hospital na capital gaúcha.

“Antes de ter acordado por 21 dias, tentaram me desentubar, e tive uma parada cardíaca. Eles me falaram que se iriam desentubar de novo e, se não resistisse, iriam me deixar morrer. Coloquei na cabeça que queria viver, quando deu 46 dias deu alta no hospital”, disse.

Durante o depoimento, Kátia ainda afirmou que houve uso de artefatos pirotécnicos em apresentações com garrafas de espumante. A sobrevivente disse que reformas no estabelecimento contribuíram para a tragédia.

“Com todas as coisas que eles fizeram [na reforma], com a elevação do palco e a colocação de espuma, eles [os donos] tentaram matar a gente”, afirmou.

Os réus são os dois sócios da boate —Elissandro Callegaro Spohr e Mauro Londero Hoffmann— e dois nomes ligados à banda Gurizada Fandangueira —o produtor musical Luciano Augusto Bonilha Leão e o músico Marcelo de Jesus dos Santos.

Serão ouvidos no julgamento 14 sobreviventes, indicados pelo Ministério Público e pela defesa de Spohr. Além disso, outras 19 testemunhas prestarão depoimento: 5 indicadas pelo Ministério Público, 5 pela defesa de Spohr, 5 pelos advogados de Mauro Londero Hoffmann e outras 4 pela defesa de Marcelo de Jesus dos Santos.


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