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porto velho, quinta-feira 26 de junho de 2025
Dois anos e três meses depois do sumiço de uma mulher de 40 anos, assim que ela chegou da Colômbia ao Aeroporto de Goiânia, o caso virou um quebra-cabeça na Justiça. Com 5 mil páginas e guerra de versões, inclusive de que o corpo teria sido incinerado em uma caldeira, o processo possui lacunas abertas por declarações dos réus, não comprovadas por perícia da Polícia Técnico-Científica de Goiás, mas que acabaram aproveitadas na denúncia.
Uma nova audiência do caso está prevista para esta segunda-feira (9/5). Apesar de o Ministério Público de Goiás (MPGO) ter denunciado três pessoas pelo suposto homicídio, o corpo de Lilian de Oliveira nunca foi encontrado. Ela desapareceu em 13 de fevereiro de 2020. Os réus, que reclamaram de ameaça e tortura, estão soltos depois de ficarem presos quase três meses, de 29 de maio a 13 de agosto de 2020.
O MPGO foi contra uma manifestação da Corregedoria da Polícia Civil, que pediu arquivamento de processo disciplinar com indícios de que os réus só teriam admitido o suposto crime porque estavam sob tortura de policiais. “O inquérito policial retornou à corregedoria para novas diligências complementares, que já estão sendo realizadas”, informou a polícia.
O órgão acusou o produtor rural Jucelino Pinto da Fonseca, 61, que teve relação extraconjugal com a mulher, o que teria provocado brigas por causa de pagamento de pensão alimentícia após o nascimento de uma menina, hoje com 7 anos, cuidada por tia materna. Além dele, foram denunciados a babá Cleonice de Fátima Ferreira, 50, e Ronaldo Rodrigues Ferreira, 56. Os três foram denunciados pelo MPGO em 23 de abril de 2021.
“O corpo da vítima foi destruído ou ocultado pelos denunciados, e, de acordo com as versões apresentadas, pode ter sido queimado na caldeira existente na propriedade rural de Jucelino ou jogado em um dos rios existentes entre Goiânia e Pires do Rio”, diz um trecho da denúncia assinada pelo promotor de Justiça Sebastião Marcos Martins.
No início das investigações, os três réus negaram o crime. No entanto, ao longo da apuração, Ronaldo admitiu participação na ação, mas apresentou duas versões diferentes: uma de que buscou Lilian no aeroporto, matou-a dentro do carro a caminho de Pires do Rio e jogou seu corpo no Rio Paranaíba. Em outro momento, disse que a levou para o laticínio de Jucelino, onde ambos reduziram o corpo a cinzas em uma caldeira.
No entanto, laudos de perícias da Polícia Técnico-Científica de Goiás negaram as duas possibilidades, considerando cruzamento de dados de localização de Ronaldo no dia e hora do suposto crime. Além disso, o relatório final indica que a fornalha não foi usada para incinerar o corpo de Lilian.