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    porto velho, quinta-feira 25 de abril de 2024

Dono de loja diz que colocou 2 mil capacetes no telhado para servir como isolante térmico

Polícia Civil decidiu apreender todos os equipamentos para investigar se eles foram roubados ou furtados de motociclistas.


g1

Publicada em: 11/05/2022 10:05:09 - Atualizado


BRASIL-A loja de artigos para motos em São Paulo que viralizou nesta semana na internet após vídeos e fotos mostrarem o telhado dela coberto por 2 mil capacetes tinha um propósito. Segundo Francisco Hélio de Freitas Maia, de 58 anos, o proprietário do estabelecimento, há 14 anos ele estava colocando os equipamentos de segurança lá em cima, um por um, para criar uma espécie de isolante térmico. Os itens eram artigos velhos e usados doados por clientes, de acordo com ele.

Além de diminuir o calor dentro da loja, a outra função dos capacetes, segundo Hélio, era a de tentar impedir que ladrões conseguissem entrar pelo telhado da Hélio Motos. O local, tradicional comércio especializado no segmento, fica na Rua General Osório, no Centro da capital.

Mas a Polícia Civil não acreditou na história e decidiu apreender todos os equipamentos para investigar se eles foram roubados ou furtados de motociclistas.

“Se tratava de capacetes usados deixados na loja por clientes que adquiriram capacetes novos e que os deixavam no telhado visando impedir o calor na loja e dificultar a ação criminosa de indivíduos na sua loja”, alegou Hélio em seu depoimento à polícia, que apreendeu todos os itens de segurança por suspeita de irregularidade. Depois divulgou à imprensa vídeos e fotos do 'achado'.

Os policiais querem saber, por exemplo, se os capacetes foram roubados ou furtados de motociclistas já que não possuíam notas fiscais. Os agentes encontraram os acessórios por acaso, durante uma fiscalização em busca de possíveis irregularidades no comércio local de equipamentos para motos.

A imagem dos capacetes sobre o telhado da loja também foi mostrada do alto por helicópteros de emissoras de TV, jornais e sites e repercutiu nas redes sociais. "Cemitério de capacetes" e "mar de capacetes" foram alguns dos termos usados para descrever a inusitada cena.

O Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) conseguiu um caminhão que saiu lotado com os capacetes. Após prestar depoimento na Divisão de Investigações sobre Furtos, Roubos e Receptações de Veículos e Cargas (Divecar), Hélio foi liberado porque não foi comprovado nenhum crime contra ele.

“Com relação ao grande volume de capacetes”, Hélio “informou que estes foram juntados ao longo de 14 anos” e que “utiliza dois carrinhos de supermercado no interior da loja para o descarte e quando estes ficam cheios, os levam para telhado, faz um furo no meio deles e passa uma corda de aço”.

A 1ª Delegacia da do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) investiga o caso. “Os capacetes não tinham notas fiscais, por isso foram apreendidos”, disse nesta terça-feira (10) a delegada Leslie Caran Petrus, que comandou a operação. "Ali é uma região conhecida como 'boca das motos' ou 'quadrilátero das motos' justamente por haver locais onde peças são comercializadas de maneira ilegal".

A filha do suspeito, Karina Freitas, de 31 anos, gerente da loja do pai. disse :“Sinceramente, depois dessa repercussão, ficamos com receio de fazer qualquer coisa. A gente estava fazendo o bem e tomou na cabeça”, falou Karina, que criticou a cobertura da imprensa no caso. “Não nos procuraram para saber que meu pai sempre colocou os capacetes no telhado para a loja não esquentar. Que foi uma solução inteligente para o descarte sustentável e ainda resfriava o ambiente interno.”

Karina diz que a loja é regularizada e não recebe, compra nem vende capacetes que tenham sido roubados ou furtados. “Somos honestos. Estamos no mercado há 29 anos, desde 1993. Meu pai chegou até a colocar um cartaz na loja pedindo doações para que doassem capacetes. Agora quem é que guarda nota fiscal de capacete velho?”

Questionada se a família pretende voltar a cobrir o teto com os acessórios, ela falou: "Meu pai está viajando agora. Depois vamos conversar, mas acho difícil porque é muita dor de cabeça de gente que não entendeu a proposta de que só queríamos dar um fim ecologicamente correto aos capacetes usados".


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