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    porto velho, quinta-feira 26 de junho de 2025

Madrasta suspeita de envenenar enteados postou vídeos com oração para jovem que morreu

Em março, Fernanda Carvalho Cabral, de 22 anos, teve os mesmos sintomas do irmão, Bruno. Ficou internada, mas não resistiu.


G1

Publicada em: 21/05/2022 09:05:47 - Atualizado


BRASIL - Quem olha uma rede social de Cíntia Mariano Dias Cabral, 49 anos, não imagina que ela é suspeita de envenenar os enteados. É que em março desse ano, quando Fernanda Carvalho Cabral, de 22 anos, passou mal e ficou internada por 13 dias por uma causa que os médicos não sabiam precisar, ela era uma das mais comprometidas em torcer pelo restabelecimento da jovem em suas postagens.

O drama da jovem começou no dia 15 de março, com muito mal-estar e dificuldade de respirar. Fernanda precisou ser intubada.

Com a piora do quadro, no dia 21 de março, Cíntia postou um vídeo com uma música gospel, uma foto da enteada e a mensagem: “Você vai vencer! Eu creio”. 

No dia 22, ela fez quatro postagens. Sempre com orações, mensagens de fé e esperança e a certeza de que Fernanda se restabeleceria.

Em uma delas, Cíntia postou uma foto em que aparece ao lado do marido, Adeilson, do enteado Bruno, e do namorado de Fernanda.

"Todos os familiares e amigos à sua espera. Força Nana, todos por você sempre", escreveu.

Postagem de Cíntia pedia o pronto restabelecimento da enteada — Foto: Reprodução/Redes sociais

No dia 24 de março, nova postagem dizendo que Fernanda não era fraca e ia conseguir vencer o seu mal-estar. Fernanda Carvalho Cabral morreu no dia 27 de março.

No dia 29, Cíntia ainda postou nova foto da jovem com a música “Estrelinha”, de Marília Mendonça, cujos versos dizem: “Quando bater a saudade/ Olhe aqui pra cima/ Sabe lá no céu, aquela estrelinha/ Que eu muitas vezes mostrei pra você?/ Hoje é minha morada; A minha casinha”.

Suspeita de envenenamento

As suspeitas sobre a morte de Fernanda - cuja morte foi atestada como sendo por causas naturais - , só surgiram quando o irmão dela, Bruno, de 16 anos, começou a passar mal depois de um almoço na casa da madrasta, no dia 15 de maio.

No local, ele reclamou de ter recebido um feijão amargo e com algumas pedrinhas azuis. Em casa, com mãe, e já se sentindo mal, reclamou e falou sobre o alimento.

No hospital, Bruno foi submetido a uma lavagem estomacal e a um exame de sangue que detectou níveis altos de chumbo em seu sangue.

Com a suspeita de que os filhos foram envenenados, Jane Carvalho Cabral, mãe dos jovens, registrou queixa na 33ª DP, em Realengo, que iniciou buscas na casa da madrasta.

"Ele já veio de lá com uma ansiedade, bem preocupado e achando que tinha acontecido algo estranho porque quando reclamou do feijão amargo de pedrinhas azuis, ela arrancou o prato da mão dele, colocando mais feijão e entregando pra ele depois. Quando ele veio pra cá, veio perguntando como fazia pra vomitar. Mais ou menos uns 40 minutos depois, começou todo o desespero que foi o que a Fernanda sentiu. Na mesma hora eu imaginei que o gosto amargo desse feijão poderia ser o suposto veneno", contou a mãe dos jovens.

Madrasta tentou se matar

Com a denúncia do caso, investigadores foram até a casa de Cíntia e recolheram o feijão para análise, mas antes do resultado do exame, na quinta-feira (19), a madrasta tentou se matar.

Ela foi levada para o hospital, se recuperou e, na sexta-feira(20), foi levada para a 33ª DP para prestar depoimento, quando teve sua prisão decretada.

"A prisão temporária de 30 dias foi decretada por homicídio tentado, qualificado, com emprego de veneno. Tudo leva a crer que a motivação seria ciúmes do relacionamento do marido com os filhos naturais", disse o delegado Flávio Rodrigues, titular da 33ª DP.

Madrasta teria confessado crime ao filho

Na delegacia, Cíntia se manteve em silêncio, seguindo orientações dos advogados. Mas em outro depoimento, um filho biológico de Cíntia contou à polícia que a mãe confessou ter envenenado Fernanda e Bruno com chumbinho, que é veneno usado para matar ratos.

"Uma mulher dessas não pode nem ser chamada de ser humano, isso é um monstro. Essa pessoa entrou na nossa vida quando meu filho tinha 4 anos de idade. Fazer isso com a irmã e depois fazer com meu filho, isso não é um ser humano, não é um ser humano", disse Jane Cabral, mãe dos jovens.

O advogado de Cíntia Mariano informou que só vai se manifestar após tomar conhecimento dos autos do inquérito.



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