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    porto velho, terça-feira 26 de agosto de 2025

Mais de um terço dos Brasileiros passam fome e não tem nenhum dinheiro para comer

Segundo pesquisa da FGV, 36% estão em situação de insegurança alimentar, as mulheres e os mais pobres são os mais afetados


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Publicada em: 26/05/2022 09:31:04 - Atualizado


BRASIL-O número de brasileiros sem dinheiro para alimentar a si ou a família cresceu no último ano, segundo pesquisa feita pela FGV Social. A insegurança alimentar passou a atingir 36% da população em 2021, resultado recorde desde de 2006, quando a série histórica começou.

Esse índice cresceu ao longo dos anos. Em 2014, 17% da população se encontrava em situação de insegurança alimentar. Em 2019, ano anterior à pandemia de Covid-19, a fome já atingia 30% da população.

Também é a primeira vez em mais de 15 anos que a fome ultrapassa a média mundial. Antes e durante o período de pandemia, a insegurança alimentar no Brasil ficou 4,48 pontos percentuais acima da média de todos os 120 países pesquisados.No ranking dos países com maior percentual da população sem dinheiro para comprar comida, o Brasil ocupa a 63ª posição.

Segundo Marcelo Neri, economista e diretor do Centro de Políticas Sociais da FGV, os dados mostram uma ineficácia das políticas públicas nos últimos anos. “É uma conclusão empírica, a parcela de brasileiros que não teve dinheiro para alimentar a família bateu recorde. A desigualdade aumentou, sugerindo a ineficácia relativa de ações nacionais”, afirma.

Os mais pobres são os mais prejudicados

A fome aumentou 22 pontos percentuais entre os 20% mais pobres do Brasil durante a crise de Covid-19, passando de 53%, em 2019, para 75%, em 2021. O país se aproximou do Zimbábue, que tem o maior nível de insegurança alimentar (80%).

Por outro lado, a insegurança alimentar no grupo dos 20% mais ricos teve queda de três pontos percentuais, caindo de 10% para 7%. Índice parecido com o da Suécia, país com o menor nível de fome (5%).

    Na comparação com a média global de 122 países em 2021, os brasileiros mais pobres têm 27 pontos percentuais a mais de insegurança alimentar. Já os mais ricos apresentam 14 pontos percentuais a menos.

    As expectativas de Marcelo Neri para o cenário atual são preocupantes. “A estagflação, que combina altas taxas de inflação e de desemprego, tem sido pior para os pobres e deve piorar. É uma situação parecida com a da recessão de 2015 e 2016. Os números são similares, só que hoje partimos de um cobertor já curto, sendo que o cobertor dos pobres, que já era menor, encolheu mais ainda”, afirma.


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