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    porto velho, sábado 28 de junho de 2025

“Tô com um buraco na barriga”, diz paciente de médico preso no Rio de Janeiro

Mulher conta ter sofrido cárcere privado depois de procedimento estético no Hospital Santa Branca, em Duque de Caxias, no Rio de Janeiro


metropoles

Publicada em: 19/07/2022 10:03:28 - Atualizado

BRASIL: Depois de ser supostamente mantida em cárcere privado por um médico em uma unidade de saúde particular da Baixada Fluminense, no Rio de Janeiro, uma mulher de 35 anos contou a série de problemas sofridos no procedimento estético realizado pelo médico Bolívar Guerrero Silva, que foi preso nessa segunda-feira (18/7).

A mulher também contou como se sentiu por causa do episódio. “Não podia andar no corredor, não podia fazer nada. Só ficar trancada no quarto que eu estava. Meu sentimento é de apavoramento, de dor, de angústia, de querer ir embora, de sair daqui”, acrescentou.

O cirurgião-plástico equatoriano Bolívar Guerrero Silva foi preso suspeito de manter a paciente presa por causa dos problemas no procedimento estético. Ele vai responder por cárcere privado e associação criminosa.

A mulher disse que uma transferência vinha sendo dificultada pelo hospital e médico. A polícia foi chamada depois que uma acompanhante da paciente procurou a Polícia Civil para relatar o caso. Além de prender o cirurgião plástico, os agentes resgataram a mulher na unidade de saúde.

A delegada Fernanda Fernandes, da Delegacia de Atendimento à Mulher de Duque de Caxias (Deam-Caxias), disse que quatro pessoas já procuraram a delegacia desde a prisão do médico para relatar novos supostos crimes supostamente praticados por ele. Em 2010, ele também foi preso enquanto respondia por falsificação de medicamento e organização criminosa.

“A gente ficou muito impactado, como ela estava com lesões muito graves, preocupados com a situação de saúde dela. Tomamos o termo da vítima no hospital, e ela relatou dificuldades, que não estava conseguindo sair do hospital. Por conta disso, representamos no plantão judiciário pela transferência dela, prisão temporária do autor e suspensão do CRM temporário”, afirmou a delegada.

Fernanda acrescentou que a vítima estava correndo risco de morte, já que se encontrava em estado muito grave. Ainda é incerta a quantidade de cirurgias a que a mulher foi submetida. A polícia informou que requisitou o prontuário e, ao longo da semana, não foi fornecido.

“Por conta disso estivemos no hospital pra tentar falar com a vítima e com a acompanhante de quarto”, explicou a delegada.

A polícia pediu uma perícia na unidade, que, segundo a delegada, pode até ser fechado. O Hospital Santa Branca informou que as acusações de que foi praticado cárcere privado na unidade são “infundadas” e nega que o médico seja sócio do hospital. Segundo a unidade de saúde, a paciente chegou a se recusar a deixar o local.

A equipe que trabalha com o cirurgião plástico fez uma postagem em uma de suas redes sociais e negou que o médico estivesse mantendo a paciente em cárcere privado. Segundo a publicação, Bolívar aceitou liberar a paciente, desde que ela assinasse um documento se responsabilizando por qualquer problema após a liberação.

“O dr. Bolivar foi prestar um depoimento na delegacia. Ele não estava mantendo paciente nenhuma em cárcere privado. Ela estava fazendo curativo e sendo assistida no hospital dele por ele. Porém, ela queria ser liberada sem ter terminado o tratamento, e ele, como médico, seria imprudente de [sic] liberá-la”, afirmou um trecho da publicação.


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