Fundado em 11/10/2001
porto velho, sábado 28 de junho de 2025
BRASIL - O policial penal Jorge Guaranho recebeu alta da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e foi transferido para enfermaria do Hospital Ministro Costa Cavalcanti, em Foz do Iguaçu, no oeste do Paraná.
A informação é citada na denúncia contra o policial oferecida nesta quarta-feira (20) pelo Ministério Público do Paraná.
De acordo com as informações prestadas pelo hospital ao MP, Guaranho está estável, consciente, em reabilitação, sem previsão de alta hospitalar.
Ele ficou ferido após balear o tesoureiro do PT Marcelo Arruda, que revidou. A Justiça decretou a prisão preventiva de Jorge Guaranho. Assim que o agente estiver em condições, será ouvido.
No dia do crime, em 9 de julho, Marcelo Arruda comemorava o aniversário em uma associação. A festa tinha como tema o PT e o ex-presidente Lula.
Segundo a Polícia Civil, o policial penal estava em um churrasco, quando ficou sabendo da festa de Marcelo e foi até o local gritando e com músicas altas. Após isso, houve uma discussão entre os dois.
Guaranho saiu do clube, deixou a mulher e o filho em casa e voltou ao local. Conforme a polícia, ele atirou em Arruda, que revidou.
Marcelo Arruda chegou a ser levado ao Hospital Municipal, mas não resistiu aos ferimentos e morreu.
O infográfico abaixo mostra a ordem dos acontecimentos no dia do crime:
A denúncia
Jorge Guaranho foi denunciado pelo Ministério Público do Paraná (MP-PR) nesta quarta-feira (20). Ele é acusado de homicídio duplamente qualificado, por motivo fútil e perigo comum.
A denúncia foi apresentada durante coletiva de imprensa, com os promotores de Justiça Tiago Lisboa Mendonça e Luís Marcelo Mafra Bernardes da Silva.
O g1 tenta contato com a defesa de Jorge Guaranho e da família de Marcelo Arruda.
Dentro e fora do salão: vídeos sincronizados mostram assassinato de petista por bolsonarista no PR
O inquérito
Na sexta-feira (15), Guaranho foi indiciado por homicídio qualificado por motivo torpe. A delegada Camila Cecconello disse que ele atirou contra Marcelo por ter se sentindo ofendido, já que o petista jogou um punhado de terra e pedra contra o carro dele, após provocação política.
Entretanto, a delegada afirmou que a morte não foi provocada por motivo político, por ter entendido que os disparos tenham sido feitos em um segundo momento, após a escalada da discussão.
A delegada Camila Cecconello avaliou que Guaranho não planejou o crime, uma vez que recebeu a informação da festa de Marcelo enquanto participava de churrasco com amigos, e foi até o local para fazer uma provocação, retornando pela segunda vez por ter se sentido ofendido, segundo as investigações.
"Segundo os depoimentos, que é o que temos nos autos, ele voltou porque se sentiu ofendido com essa escalada da discussão, com esse acirramento da discussão entre os dois", disse Camila.
Para Camila, para se enquadrar em motivação política, seria necessário identificar um desejo de Guaranho em impedir os direitos políticos de Marcelo, o que, para ela, seria "complicado de dizer".
Retorno do inquérito à Polícia Civil
Na terça (19), o juiz Gustavo Germano Francisco Arguello, da 3ª Vara Criminal de Foz do Iguaçu determinou o retorno à Polícia Civil do inquérito que apura a morte do tesoureiro do PT, após pedidos do MP-PR e da família de Arruda.
À Justiça, o promotor Tiago Lisboa citou a necessidade de buscar imagens de câmeras de segurança que possam ter registrado trajeto feito pelo policial penal no dia do assassinato.
Lisboa afirmou que, caso haja imagens, o conteúdo deve ser enviado ao Instituto de Criminalística para perícia. Também pediu a realização de depoimentos complementares. O MP cobrou urgência no cumprimento das diligências.
Vídeo mostra apoiador de Bolsonaro discutindo com tesoureiro do PT antes de assassiná-lo e ao voltar ao local atirando — Foto: Reprodução
Após a decisão judicial, a Polícia Civil afirmou que "irá cumprir as diligências rapidamente".
"As perícias já tinham sido requisitadas pela autoridade policial à Polícia Científica, na semana passada; por enquanto, sem previsão de conclusão", informou a corporação.
O juiz responsável pelo processo também atendeu um pedido do Departamento Penitenciário Nacional (Depen) para compartilhamento de informações colhidas nas investigações.
O compartilhamento busca colaborar com processo administrativo disciplinar aberto pelo Depen sobre Jorge Guaranho.
Como tudo aconteceu, segundo a polícia
A delegada informou que Guaranho foi até o local do aniversário com o objetivo de fazer uma provocação.
Testemunhas disseram que o policial penal chegou em um carro com a mulher e um bebê. Além disso, o carro do atirador tocava uma música de apoio ao presidente Jair Bolsonaro (PL).
Após isso, uma discussão se iniciou. A delegada afirmou que testemunhas relataram que Marcelo jogou um punhado de terra contra o veículo de Guaranho. Depois da discussão, o policial deixou o local
A Polícia Civil concluiu, com base nos depoimentos, que Guaranho retornou ao local do aniversário por ter se sentido humilhado. Ao retornar ao aniversário, o porteiro da associação tentou impedir que ele entrasse no local a pedido dos participantes da festa.
De acordo com a análise das imagens, a discussão evoluiu na seguinte sequência:
Camila afirmou que Guaranho fez quatro disparos, dos quais dois atingiram Marcelo. Por outro lado, o petista atirou 10 vezes, acertando quatro tiros contra o policial.
Além disso, o inquérito aponta que Marcelo tinha se armado para se defender, sabendo do provável retorno de Guaranho.
"A vítima pega a sua arma de fogo como proteção de um eventual retorno do autor. E a vítima aponta a arma de fogo quando vê a volta do autor, porque já sabia que o autor estava armado. Então, é uma atitude natural da vítima querer se defender".
Antes da discussão
Segundo a Polícia Civil, o policial penal estava em um churrasco, quando ficou sabendo que a festa de Marcelo estava acontecendo.
Segundo as investigações, o atirador tomou conhecimento por meio de uma outra pessoa que estava no churrasco e tinha acesso às imagens de câmera de segurança da associação onde o aniversário de Marcelo estava acontecendo.
Em seguida, de acordo com a delegada, Guaranho não fez comentários a respeito da festa. Apesar disso, o policial penal deixou o churrasco onde estava e foi para o local onde era realizado o aniversário de Marcelo.
Agressões
A delegada Iane Cardoso informou ainda que um inquérito também foi aberto para apurar as agressões que Jorge Guaranho sofreu após atirar contra Marcelo Arruda. Três pessoas são investigadas pelo caso.
Camila Cecconello disse que a polícia também aguarda um laudo pericial para determinar a gravidade das agressões sofridas por Guaranho.