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    porto velho, quinta-feira 19 de setembro de 2024

Fumaça de queimadas toma conta de Porto Velho, aumentando poluição do ar

Levantamento meteorológico aponta que capital de Rondônia está na região com maiores emissões de CO do Brasil...


Redação

Publicada em: 07/08/2024 08:54:46 - Atualizado

Foto: Gladson Souza/Rede Amazônica


PORTO VELHO, RO: Porto Velho, capital de Rondônia, amanheceu nesta sexta-feira (2) sob uma camada de fumaça, resultado das queimadas que assolam a região. 

Conforme um levantamento recente da IQAir, uma empresa suíça especializada em monitoramento de qualidade do ar, Porto Velho apresenta hoje o pior Índice de Qualidade do Ar (IQAr) do país, com uma marca alarmante de 272, ocorrência como "muito insalubre". Esse índice coloca em risco a saúde de todos os habitantes expostos à poluição durante 24 horas.

O sistema Purple Air, que mede os níveis de poluição em tempo real, confirma a gravidade da situação, destacando que a cidade está localizada em uma das áreas com maior concentração de monóxido de carbono (CO) no Brasil. Este gás, gerado frequentemente pela queima de combustíveis fósseis como petróleo, carvão e gás natural, apresenta sérios riscos à saúde humana.

Satélites de monitoramento atmosférico indicam que não só Porto Velho, mas também vastas áreas do estado de Rondônia estão severamente afetadas pela presença de CO. Especialistas apontam que o desmatamento contínuo, a expansão de pastagens no sul do Amazonas e as queimadas generalizadas são os principais fatores que são importantes para essa diferença da qualidade do ar.

Entre as impurezas mais preocupantes identificadas está o PM 2,5, uma partícula ultrafina que pode ser inalada e se aloja profundamente nos pulmões, tornando-se difícil de ser expelida pelo organismo. Uma exposição prolongada a esse tipo de poluente pode acarretar sérios problemas respiratórios e cardiovasculares, especialmente em crianças, idosos e pessoas com condições de saúde pré-existentes.

O que dizem os especialistas

O biólogo Paulo Bonavigo, Coordenador de Floresta e Comunidades da Ecoporé, destaca que as novas frentes de desmatamento e a expansão das pastagens no sul do Amazonas estão diretamente ligadas ao aumento das queimadas. Esse modelo de desenvolvimento, combinado com a seca extrema, intensifica a presença de gases como o CO2 na atmosfera. “Grande parte da emissão de gases do efeito estufa no Brasil é oriunda das queimadas. Isso contribui significativamente para as mudanças climáticas”, explica Bonavigo.

Artur Moret, professor do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente da Universidade Federal de Rondônia (Unir), reforça que na Amazônia as queimadas são os principais responsáveis ​​pelas emissões de CO, CO2 e partículas finas (PM). “O desmatamento reduz a capacidade da floresta de absorver carbono, o que agrava ainda mais a situação. Os piores índices de qualidade ocorrem durante o verão amazônico, período de seca, quando há maior probabilidade de queimadas”, afirma Moret.

Consequências na saúde

A pneumologista Ana Carolina alerta para os riscos à saúde causados ​​pela diminuição da umidade do ar e o aumento da concentração de partículas finas (PM 2,5) devido à poluição e à redução de chuvas. Esses fatores podem causar ou agravar diversas doenças respiratórias, como:

  • Asma
  • Bronquite alérgica
  • Doenças relacionadas ao cigarro
  • Pneumonia
  • Tuberculose
  • Rinite e sinusite alérgica

Além disso, há um aumento de doenças infectocontagiosas, como viroses e gripes. Crianças, idosos e pessoas com doenças respiratórias crônicas são os grupos mais vulneráveis ​​a esses problemas de saúde.

Dicas para enfrentar o tempo seco

Para minimizar os efeitos do ar seco e poluído, os especialistas recomendam:

  • Hidratação: Beba cerca de dois litros de água por dia (aproximadamente 10 copos de 200 ml) para manter todos os órgãos, incluindo a pele e mucosas, hidratados.
  • Umidificação do ar: Coloque uma bacia com água ou uma toalha umedecida no ambiente para aumentar a umidade do ar em casa.
  • Cuidado com os olhos: Lave os olhos com soro fisiológico ou colírio de lágrima artificial.
  • Limpeza da casa: Mantenha a casa limpa para evitar o acúmulo de poeira.
  • Exercícios físicos: Evite praticar exercícios físicos entre 11h e 17h, período de maior insolação e poluição.
  • Proteção solar: Proteja-se ao máximo do sol para evitar o ressecamento das mucosas e da pele.

Essas medidas podem reduzir os impactos negativos da poluição e da baixa umidade do ar na saúde da população de Porto Velho e outras áreas afetadas pelas queimadas.

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