Fundado em 11/10/2001
porto velho, domingo 24 de novembro de 2024
PORTO VELHO, RO: Porto Velho, capital de Rondônia, amanheceu nesta sexta-feira (2) sob uma camada de fumaça, resultado das queimadas que assolam a região.
Conforme um levantamento recente da IQAir, uma empresa suíça especializada em monitoramento de qualidade do ar, Porto Velho apresenta hoje o pior Índice de Qualidade do Ar (IQAr) do país, com uma marca alarmante de 272, ocorrência como "muito insalubre". Esse índice coloca em risco a saúde de todos os habitantes expostos à poluição durante 24 horas.
O sistema Purple Air, que mede os níveis de poluição em tempo real, confirma a gravidade da situação, destacando que a cidade está localizada em uma das áreas com maior concentração de monóxido de carbono (CO) no Brasil. Este gás, gerado frequentemente pela queima de combustíveis fósseis como petróleo, carvão e gás natural, apresenta sérios riscos à saúde humana.
Satélites de monitoramento atmosférico indicam que não só Porto Velho, mas também vastas áreas do estado de Rondônia estão severamente afetadas pela presença de CO. Especialistas apontam que o desmatamento contínuo, a expansão de pastagens no sul do Amazonas e as queimadas generalizadas são os principais fatores que são importantes para essa diferença da qualidade do ar.
Entre as impurezas mais preocupantes identificadas está o PM 2,5, uma partícula ultrafina que pode ser inalada e se aloja profundamente nos pulmões, tornando-se difícil de ser expelida pelo organismo. Uma exposição prolongada a esse tipo de poluente pode acarretar sérios problemas respiratórios e cardiovasculares, especialmente em crianças, idosos e pessoas com condições de saúde pré-existentes.
O biólogo Paulo Bonavigo, Coordenador de Floresta e Comunidades da Ecoporé, destaca que as novas frentes de desmatamento e a expansão das pastagens no sul do Amazonas estão diretamente ligadas ao aumento das queimadas. Esse modelo de desenvolvimento, combinado com a seca extrema, intensifica a presença de gases como o CO2 na atmosfera. “Grande parte da emissão de gases do efeito estufa no Brasil é oriunda das queimadas. Isso contribui significativamente para as mudanças climáticas”, explica Bonavigo.
Artur Moret, professor do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente da Universidade Federal de Rondônia (Unir), reforça que na Amazônia as queimadas são os principais responsáveis pelas emissões de CO, CO2 e partículas finas (PM). “O desmatamento reduz a capacidade da floresta de absorver carbono, o que agrava ainda mais a situação. Os piores índices de qualidade ocorrem durante o verão amazônico, período de seca, quando há maior probabilidade de queimadas”, afirma Moret.
A pneumologista Ana Carolina alerta para os riscos à saúde causados pela diminuição da umidade do ar e o aumento da concentração de partículas finas (PM 2,5) devido à poluição e à redução de chuvas. Esses fatores podem causar ou agravar diversas doenças respiratórias, como:
Além disso, há um aumento de doenças infectocontagiosas, como viroses e gripes. Crianças, idosos e pessoas com doenças respiratórias crônicas são os grupos mais vulneráveis a esses problemas de saúde.
Para minimizar os efeitos do ar seco e poluído, os especialistas recomendam:
Essas medidas podem reduzir os impactos negativos da poluição e da baixa umidade do ar na saúde da população de Porto Velho e outras áreas afetadas pelas queimadas.
VEJA O VÍDEO: