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porto velho, domingo 24 de novembro de 2024
PORTO VELHO, RO: Porto Velho vive uma situação crítica neste mês de agosto, enfrentando um período sem chuvas que já dura 81 dias, associada a um calor intenso e a um aumento alarmante no número de queimadas.
O cenário já é agravado pela pior qualidade do ar do país, segundo medições da empresa suíça IQAir, especializada em monitoramento ambiental.
Nesta quarta-feira (14), Porto Velho amanheceu encoberta por uma densa nuvem de fumaça, resultado direto das queimadas na região e da ausência de chuvas. O Índice de Qualidade do Ar (IQA) atingiu a marca de 557, considerado "perigoso", o nível mais alto de alerta para a saúde pública. Este índice duplicou em menos de duas semanas, superando os 272 registrados no início do mês.
A capital rondoniense não enfrenta apenas as dificuldades causadas pela falta de chuva e pelas altas temperaturas, que chegarão a 35°C nesta quinta-feira (15), mas também uma crise de poluição do ar.
Com níveis de umidade do ar em apenas 23% — menos da metade do ideal — e uma concentração de partículas inaláveis (PM2,5) 40,8 vezes maior que o recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), a situação se torna alarmante.
As queimadas, muitas vezes provocadas intencionalmente, têm sido o principal fator para a formação dessa espessa nuvem de fumaça. Rondônia, especialmente Porto Velho, se tornou um ponto central dos focos de queimadas, com quase 3 mil ocorrências apenas nos primeiros dez dias de agosto, conforme dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
A baixa qualidade do ar e a diminuição da umidade estão causando sérios problemas de saúde na população, principalmente em crianças, idosos e pessoas com doenças respiratórias crônicas. As principais doenças agravadas incluem asma, bronquite, pneumonia e rinite alérgica, todas potencializadas pela alta concentração de partículas PM2,5 no ar.
A pneumologista Ana Carolina alerta que, além das doenças respiratórias, a exposição prolongada a essas condições pode aumentar os casos de viroses e gripes, tornando a situação ainda mais grave para os grupos mais vulneráveis.
Com o rio Madeira em níveis críticos e a cidade encoberta por fumaça, Porto Velho vive um dos momentos ambientais mais desafiadores dos últimos anos.
A falta de chuva e as queimadas desenfreadas são uma combinação perigosa que coloca em risco a saúde de toda a população.