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porto velho, sábado 23 de novembro de 2024
PORTO VELHO, RO: Pelo terceiro dia consecutivo, o rio Madeira registrou níveis recordes de seca, atingindo apenas 67 centímetros em Porto Velho, o menor volume em quase seis décadas de monitoramento. Com uma extensão de quase 1.500 quilômetros, o rio é um dos maiores do Brasil e o principal afluente do rio Amazonas, sendo essencial para as comunidades ribeirinhas na região.
O cenário de estiagem extrema afetou gravemente o acesso à água potável para mais de 700 famílias distribuídas em 16 comunidades ao longo do rio. A Defesa Civil de Porto Velho iniciou a entrega de água potável para essas comunidades, já que os poços amazônicos secaram e o leito do rio se afastou consideravelmente das residências, antes localizadas à beira d'água.
Em comunidades como Itapuã e Maravilha 2, onde famílias tradicionalmente dependem dos recursos do rio para atividades diárias, os moradores enfrentam um racionamento severo. Muitos sobrevivem com menos de 50 litros de água por dia, uma quantidade bem abaixo dos 110 litros recomendados pela ONU para atender às necessidades mínimas de uma pessoa.
A estiagem também impactou a geração de energia nas usinas hidrelétricas de Jirau e Santo Antônio, que operam com menos de 20% de suas turbinas. O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) destacou a gravidade da situação, mas afirmou que, por enquanto, não há riscos de desabastecimento de energia para a população.
Para muitos ribeirinhos, como Valdino Costa, que vive da produção de banana, a seca é inédita. "Nunca vimos o rio assim. Atravessar a margem para escoar a produção ficou muito mais difícil", lamenta Valdino, que depende do rio Madeira para sustentar sua família.
A situação da seca no Madeira traz à tona preocupações sobre o impacto das mudanças climáticas e a necessidade de medidas mais eficazes para mitigar as consequências ambientais e sociais dessa crise hídrica.
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