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    porto velho, sábado 1 de novembro de 2025

O Brasil entre o Poder da autoridade e o caos - por Arimar Souza de Sá

Os dias atuais têm sido penosos. Vivemos uma quadra de perplexidade e dor diante do aumento descontrolado da violência que se alastra pelos grandes centros urbanos...


Arimar Souza de Sá

Publicada em: 31/10/2025 16:39:20 - Atualizado

CRÔNICA DE FIM DE SEMANA

O BRASIL ENTRE O PODER DA AUTORIDADE E O CAOS

Arimar Souza de Sá

Os dias atuais têm sido penosos. Vivemos uma quadra de perplexidade e dor diante do aumento descontrolado da violência que se alastra pelo país inteirinho. Dir-se-ia: o Brasil vive um tempo de decomposição moral, em que o medo se tornou rotina e o respeito à lei, mera lembrança para os criminosos. É como se a nação caminhasse tateando em meio a um nevoeiro espesso, onde a bússola da razão perdeu o norte e deixou todo mundo ‘lascado’...

A chacina no Rio de Janeiro, que deixou centenas de mortos e vitimou quatro policiais militares, é o retrato mais fiel da falência da autoridade e do desprezo pelo Estado. Homens que saíram de casa para defender a sociedade voltaram dentro de caixões cobertos pela bandeira do Brasil — estandartes silenciosos de uma guerra sem quartel. Tombaram no cumprimento do dever, enquanto quem se rege pela cartilha dos ‘vermelhos’ segue relativizando o crime, tratando assassinos como vítimas e empurrando a nação para o abismo da anarquia.

Entre os mortos e presos dessa tragédia, chamou atenção o caso de uma jovem conhecida como “Japinha do CV”, apelidada de “musa do crime”, flagrada de roupa camuflada, empunhando fuzil e apontada como linha de frente do Comando Vermelho – foi fuzilada. Uma moça que, em vez de estudar, trabalhar e lutar por uma vida digna, escolheu integrar o crime organizado, seduzida pelo falso brilho das redes sociais e pela estética da violência — uma flor que desabrochou no pântano da marginalidade e foi parar embaixo de sete palmos de terra.

O episódio é um símbolo cruel da inversão de valores que contamina o país. Transformaram o bandido em ídolo, a marginalidade em estilo e o crime em carreira. E, para completar o absurdo, o próprio presidente Lula da Silva afirmou recentemente que “os traficantes são vítimas dos usuários também”, e, em outro momento, declarou que “o cara rouba um celular para vender, para ganhar um dinheirinho”.

Ora, se o governante máximo da República justifica o crime como uma reação social, que mensagem se transmite ao país? A de que roubar e traficar não são crimes, mas desabafos da pobreza? Isso não é empatia — é leniência. É o esvaziamento da noção de responsabilidade e da autoridade da lei. É como se o Estado, cansado de lutar, tivesse deposto a espada e ajoelhado diante do caos, rendendo homenagens àqueles que conflitam com o Código Penal.

Como bem observou o coronel Régis Braguin, comandante da Polícia Militar de Rondônia, “o custo para o Estado é enorme: o policial arrisca a vida, noutras vezes perde a vida para prender o vagabundo, e no dia seguinte ele é solto em audiência de custódia”. É o retrato de um arcabouço legal frouxo, que desestimula o policial, afronta a sociedade e encoraja o reincidente — uma engrenagem enferrujada que já não gira a favor da ordem, mas do desgoverno.

A violência não surge do nada, mas tampouco pode ser legitimada como fruto inevitável da desigualdade. O que existe é a corrosão moral de diversos membros da sociedade que perderam o senso de limite e abandonaram a disciplina, o mérito e a fé no trabalho e foram recrutados pelos quarteis da criminalidade. É o preço da relativização da culpa e da glorificação da desordem — uma ferrugem silenciosa que consome a alma nacional.

Enquanto os políticos vivem atrás de muros altos, cercados de seguranças e discursos oportunistas e “humanitários”, o cidadão comum paga o preço nas ruas, nos ônibus e nos becos das cidades. O policial é tratado como vilão, e o criminoso, como vítima.

Por seu turno, o Estado, acuado, parece hesitar entre punir com rigor ou pedir desculpas ao criminoso. E, nesse vácuo de autoridade, surgem as facções — com seus códigos, suas leis e seus exércitos. A ausência de ordem pública cria um Estado paralelo, e quando o Estado se omite, o crime governa.

É hora de retomar o controle. A lei precisa ser respeitada e aplicada com rigor, sem romantismo nem relativismo. A autoridade policial deve ser honrada, não desacreditada. A justiça precisa cumprir seu papel constitucional, punindo quem erra e protegendo quem acerta. E se houver excesso, seja punido também os que cometeram.

O sangue derramado dos quatro policiais e a imagem da Japinha do CV, vestida como soldado do crime, são retratos da encruzilhada moral em que o Brasil se meteu. Se o Estado não reagir, se a sociedade não exigir lei e ordem, logo será tarde demais.

Que Deus tenha piedade de nós e das mães dos que se foram, e que o Brasil encontre, antes que o caos nos devore por completo, o caminho da lei, da moral e da autoridade.

QUE ASSIM SEJA!


Amém.



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